Curso de Horticultura Biológica

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Numa iniciativa da Ecoteca da Ilha do Faial, realiza-se este fim-de-semana, um Curso de Horticultura Biológica.
Este curso vai ser ministrado pelo Engenheiro Nelson Silva, técnico da AGROBIO, e é direccionado para agricultores sem formação e/ou experiência em Agricultura Biológica.
Pretende-se proporcionar aos formandos conhecimentos teóricos e práticos que lhes permitam pôr em prática a produção hortícola em Agricultura Biológica.
Esta é uma iniciativa pioneira na ilha do Faial e, de acordo com Rosa Dart, responsável pela Ecoteca, já estão preenchidas as 16 vagas para formandos.
Durante estes três dias de formação serão abordados temas como “introdução à agricultura biológica” e os seus conceitos, princípios e objectivos. Vai ser ainda focada a legislação, controlo e certificação deste tipo de agricultura, bem como os seus fundamentos e práticas. Para além disso, vai ser analisada a situação mundial e o mercado dos seus produtos.
Em cada módulo do curso serão abordados: instalação e condução das culturas; fertilização em horticultura biológica; sistemas de rega; manutenção de solo; pragas e doenças, auxiliares e meios de protecção e qualidade, colheita e conservação.
O Engenheiro Nelson Silva vai também demonstrar casos práticos, no caso das brassicáceas (couves); solanáceas (batatas); aliáceas (alho); asteráceas (alface); apiáceas (cenouras) e fabáceas (feijão verde).
De acordo com a Codex Alimentarius Comission, «a Agricultura Biológica é um sistema de produção holístico, que promove e melhora a saúde do ecossistema agrícola, ao fomentar a biodiversidade, os ciclos biológicos e a actividade biológica do solo. Privilegia o uso de boas práticas de gestão da exploração agrícola, em lugar do recurso a factores de produção externos, tendo em conta que os sistemas de produção devem ser adaptados às condições regionais. Isto é conseguido, sempre que possível, através do uso de métodos culturais, biológicos e mecânicos em detrimento da utilização de materiais sintéticos.»
A agricultura biológica tem várias vertentes: a ecológica, baseada no funcionamento do ecossistema agrário e recorre a práticas – como rotações culturais, adubos verdes, consociações, luta biológica contra pragas e doenças - que fomentam o seu equilíbrio e biodiversidade. É ainda baseada na na interacção dinâmica entre o solo, as plantas, os animais e os humanos, considerados como uma cadeia indissociável, em que cada elo afecta os restantes.
Este tipo de agricultura é ainda sustentável, visando manter e melhorar a fertilidade do solo a longo prazo, preservando os recursos naturais solo, água e ar e minimizar todas as formas de poluição que possam resultar de práticas agrícolas; reciclar restos de origem vegetal ou animal de forma a devolver nutrientes à terra, minimizando deste modo o uso de recursos não-renováveis; depender de recursos renováveis em sistemas agrícolas organizados a nível local. Assim, exclui a quase totalidade dos produtos químicos de síntese como adubos, pesticidas, reguladores de crescimento e aditivos alimentares para animais.
A Agricultura Biológica une os agricultores e os consumidores na responsabilidade de: produzir alimentos e fibras de forma ambiental, social e economicamente sã e sustentável; preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais; permitir aos agricultores uma melhor valorização das suas produções e uma dignificação da sua profissão, bem como a possibilidade de permanecerem nas suas comunidades; garantir ao consumidor o direito à escolha, na medida em que os produtos de Agricultura Biológica não são irradiados nem geneticamente modificados (OGM), nem contêm resíduos resultantes da aplicação de pesticidas; garantir ao consumidor, no caso dos produtos animais, que estes são produzidos respeitando princípios éticos, necessidades e comportamento natural da espécie, em regime extensivo ou semi-intensivo; são alimentados de acordo com a sua fisiologia, com produtos sãos, de preferência provenientes da própria exploração e produzidos em Agricultura Biológica (logo, os riscos de transmissão de doenças veiculadas pelos alimentos, como a BSE, são minimizados) e não recebem tratamentos de rotina com antibióticos (minimizam os problemas de resistência).

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