XXIV Encontro dos Engenheiros Técnicos Agrários

sexta-feira, 29 de junho de 2007


Realizou-se nos passados dias 9 e 10 de Junho, na ilha do Faial, o XXIV Encontro dos Engenheiros Técnicos Agrários.
De acordo com Angelo Duarte, Engenheiro Técnico Agrário no Serviço de Desenvolvimento Agrário da Ilha do Faial, “esta é uma tradição que nos Açores já se realiza há vinte e quatro anos, mas a nível nacional já conta com oitenta edições, num universo onde o ensino agrícola tem mais de 200 anos, isso quer dizer que toda esta forma de estar dos técnicos na agricultura já tem uma tradição muito grande. As pessoas encontram-se pela amizade, pelo conhecimento e encontram-se ainda pelo gosto da troca de impressões na área profissional.”
Instado a pronunciar-se sobre a importância deste tipo de encontros, Angelo Duarte diz ao Tribuna das Ilhas que, “tem contribuído para que nós profissionais nos formemos cada vez melhor e mais, uma vez que a troca de impressões técnicas, a busca de melhores soluções e a resolução de problemas acontecem.”
Participaram neste XXIV Encontro dos Engenheiros Técnicos Agrários, sessenta pessoas, de entre técnicos e acompanhantes.
Estes XXIV Encontro dos Engenheiros Técnicos Agrários foi dividido em várias partes: começaram no Centro Botânico de Lomelino Vieira, onde “desenvolvemos a ideia das novas culturas, da ruralidade e da agricultura sustentável. Foram discutidas ideias e formas de as implementar.”
O Engenheiro Técnico Agrário é aquele que faz a ligação entre os agricultores e o que é implementado pelos dirigentes políticos da Região. “Somos uma classe que vimos a evoluir em termos de profissionalismo, estamos ligados ao ensino agrícola há cerca de 200 anos e como tal os profissionais da agricultura e a aposta na agricultura tornou-se particularmente importante. A nossa acção assume uma importância evangelizadora, vulgarizadora e extensionista, no sentido de cada vez mais levar as pessoas a mudarem de atitude, a saberem mais e a fazerem as melhores opções para aquilo que é o rumo da agricultura. Tivemos um ciclo de laranjas, depois o dos cereais, estamos numa de agro-pecuária, quem sabe no futuro não estaremos numa agricultura de floricultura.”

NOVAS CULTURAS
Angelo Duarte falou-nos ainda dos novos tipos de agricultura que começam a surgir no mercado, nomeadamente na relacionada com as plantar ornamentais. “Cada vez mais se está a adoptar este tipo de agricultura. Quer pela diferença, pela ornamental, pela flor de corte e folhagem, esta é uma agricultura diferente daquilo que é a agro-pecuária ou a bovino-cultura. É menos exigente em espaço geográfico, ou seja, num hectare de terra pode-se criar uma empresa familiar com sustentabilidade”.
Este tipo de actividade já é desenvolvida no Faial há cerca de quinze anos, as empresas que beneficiaram das portarias governamentais na década de oitenta estão na actividade e estão a fazer produção e exportação, quer na planta, quer na flor de corte, quer na folhagem ou mesmo nas flores secas.
“A Região Açores e toda esta forma de estar na agricultura, tem condições para apoiar os jovens na instalação de empresas, na manutenção de culturas e nas ajudas na exploração, o mesmo é dizer que existem condições favoráveis ao investimento e que há condições favoráveis para as novas empresas e novas culturas, ou às mudanças em algumas já existentes” – frisa aquele Técnico Agrário, que prossegue dizendo que “é evidente que estas culturas vão ocupar áreas de baixa cota, ou seja, abaixo dos 300 metros, o que faz com que não interfira com aquilo que é área florestal ou áreas forageiras, num aproveitamento de terrenos raramente utilizados e valorizando o rendimento por área de superfície.”

CULTURA DAS PROTEAS
Tem se falado muito da cultura das próteas como alternativa, no entender de Angelo Duarte, “é uma cultura interessante e uma mais valia, uma vez que é uma flor de corte para exportação, mas não é só isso... é uma flor de corte com flor grande, com flor médio-pequena e com folhagem de corte.”
De acordo com este profissional do sector, “temos um vasto leque dentro das próteas para desenvolver um trabalho interessante e escolher as variedades mais cotadas, no sentido de as poder colocar na Europa.”
Questionado sobre o que está a ser feito nesse sentido, Angelo Duarte diz ao Tribuna das Ilhas que “na Região temos empresas em São Miguel a trabalhar há mais de quinze anos e a fazer a sua venda regular e estão satisfeitos com a sua produção, quer na qualidade, quer no produto final que é apresentado ao consumidor. Na Terceira também já existem empresas a exportar para a Holanda de uma forma regular e directa., no Faial estamos em fase de instalação, ou seja, temos campos que estão a fazer os três anos, campos que estão a completar um ano. O Serviço de Desenvolvimento Agrário tem orientado todo o apoio no sentido de cada vez mais haver unidades de produção, haver maior selecção das variedades para o volume da exportação. A Associação de Agricultores do Faial tem um sector de floricultura também muito forte e dinâmico, muito bem formado e com muito apoio técnico.”
Se houver volume de exportação, as próteas produzidas no Faial terão como destino primordial a Holanda, uma vez que é a grande central de venda de flores e produtos ligados à floricultura.

EVOLUÇÃO DO SECTOR
Tribuna das Ilhas quis ainda saber junto do Engenheiro Angelo Duarte que análise faz da evolução do sector da agricultura no Faial.
“Vim para o Faial em 1978. a Agro-pecuária era o grande interesse do sector na ilha. Nas últimas duas décadas, praticamente, porque se manteve a forma de estar na agricultura em termos de produção de leite, carne, número de empresas e nos apoios à própria agricultura, está-se numa fase em que, não tendo havido crescimento do preço do litro de leite, então há como que uma noção que sendo ela mais exigente em mão de obra disponível, entre outros aspectos, é uma agricultura que neste momento está condicionada por aquilo que é a indústria e por aquilo que é a exportação do produto. As novas agriculturas que acima já referi, são possivelmente as agriculturas de maior interesse apartir de agora, em termos de sustentabilidade, respeito pelo ambiente, entre outros”.

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