EDUARDO CARQUEIJEIRO E A SUA PINTURA

quarta-feira, 13 de junho de 2007


“Quando pinto não há mais nada... É uma excelente terapia para nos libertar do dia a dia e levar o nosso pensamento a vaguear.”


Eduardo Carqueijeiro é natural de Setúbal. Estudou, na área artística, na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e no ARCO, Escola de Arte e Comunicação de Lisboa; especializou-se na Central St.Martins College of Art e Design e na Slade School of Art, em Londres.
Efectuou já 27 exposições individuais e participou em 61 exposições colectivas, em Portugal e no estrangeiro.
A sua pintura surge representada em cerca de 30 colecções, instituições públicas ou fundações. Nos Açores está representado na Assembleia Legislativa Regional, na colecção de arte contemporânea do Governo Regional, nos Museus da Horta, do Pico e de Angra do Heroísmo, no IAC- Instituto Açoriano de Cultura, no OVGA - Observatório Vulcanológico dos Açores e em colecções particulares em várias ilhas.
Recentemente inaugurou, na Igreja de Nossa Senhora das Angústias, duas telas que o Pe. Júlio da Rosa caracterizou “o pincel de Carqueijeiro quis sublimar um passado escondido coma Graça e com a Misericórdia de Deus sob o manto da Virgem: “Nossa Senhora com o seu manto, surge proeminente, velando para que todas as criações do Divino – Homens, Animais, Plantas, Insectos... – encontrem o seu lugar de paz e prosperidade neste canto do mundo. (...) Eduardo Carqueijeiro vislumbrou um passado de tragédia e luta da ilha com os elementos da natureza... vislumbrou toda uma epopeia da ilha, do porto...”
Tribuna das Ilhas conversou com este artista.

Tribuna das Ilhas - Como e quando começou a pintar?
Eduardo Carqueijeiro - Tirei o curso de arquitectura na então Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e ao mesmo tempo fui tirando também pintura e gravura no ARCO , Escola de Arte e Comunicação de Lisboa; Isto passou-se entre 1976 e 1981.

T.I. - Essa é uma paixão de sempre, ou para sempre?
E.C. - É uma paixão que foi sempre crescendo. Quanto mais se pinta mais vontade há para pintar, quanto mais se vê pintura e arte mais criativo nos sentimos, mais necessidade de nos expressarmos.
T.I. - Que estilos utiliza?
E.C. - Não lhe sei responder a esta pergunta, terá que perguntar a um crítico de arte. Se me perguntar se a minha pintura é realista ou abstracta, digo-lhe que se move em todos os caminhos que tiver necessidade de se exprimir.

T.I. - O que sente quando está a pintar? É um refúgio ou uma libertação? Porque?
E.C. - Quando pinto não há mais nada... É uma excelente terapia para nos libertar do dia a dia e levar o nosso pensamento a vaguear.

T.I. - - Que temas tem abordado nas suas telas?
E.C. - Depende, tento subordinar as diferentes abordagens que faço a diferentes temas e diferentes técnicas de expressão; Gosto muito de pintar o real e a paisagem, mas também gosto de pintar temas mais gestuais, com diferentes materiais, o que me leva geralmente a quadros tendencialmente mais abstractos. Gsoto geralmente de partir da paisagem para construir algo diferente.

T.I. - Ao que julgo saber tem também ministrado formação nessa área. Fale-me um pouco sobre isso....
E.C. - Há uns anos tive o privilégio de ter umas "master classes" de pintura e expressão artística em duas escolas de arte de Londres, o que em meu entender, me elevou substancialmente a maneira como passei a pintar e a pensar pintura desde então. Também pós-Londres optei por tentar transferir alguns dos conhecimentos que adquiri e comecei a dar aulas de pintura para grupos, quer para quem queria começar a pintar quer para quem já pintava, mas queria saber mais. É neste âmbito que tenho dado aulas de expressão artística e pintura. Uma experiência muito curiosa e proveitosa foi aqui no Faial, onde no ano passado e por entre os rigores e as ondas do inverno, no castelo de S.Sebastião/ Ecoteca do Faial, fizemos uma abordagem muito interessante, com pessoas muito interessadas, a técnicas de pintura. Gostei muito e a resposta superou tudo o que estava à espera, com pessoas muito, muito criativas. Neste momento, e em Setúbal continuo a ministrar aulas e com continuado sucesso, penso eu.
T.I. - Recentemente foram dadas a conhecer ao público faialense as telas na Igreja das Angústias. Como surgiu a ideia de pintar aqueles quadros?
E.C. - Surgiu no ano passado, do empenhamento do Padre Júlio da Rosa e da vontade que ele teve de ilustrar a já muito bonita igreja das Angustias, para a sua abertura, pós obras de reconstrução. Nessa altura vivia no Faial e foi com muito prazer que fiz os primeiros painéis para a igreja; Depois e entretanto no outono passado tive que voltar para o continente, mas logo ali ficou o compromisso de completar o conjunto com mais dois painéis que ficariam nas paredes laterais da igreja.
T.I. - O que significam para si aquelas telas?
E.C. - Em meu entender, revelam a ligação temporal entre o divino e o humano, e a relação entre o humano e as forças da natureza. Partem de recriações de quadros clássicos da pintura, adaptados e transferidos para o universo da Horta e do Faial.

T.I. - O que retratam?
E.C. - São pinturas simbólicas e que como disse, procuram revelar, simbólicamente, as ligações entre o sagrado e o profano, relação esta encabeçada pela padroeira do Faial, Nª Srª das Angustias.

T.I. - Objectivos no mundo da pintura?

E.C. - Neste momento estou a pintar e preparar com algum tempo uma colecção de pintura de grande formato, com pequenos pormenores e relações entre observadores e observados (e vice-versa), um pouco baseados conceptualmente em várias leituras de um autor que gosto bastante e que é Paul Auster, e que se poderá chamar qualquer coisa como "A meio caminho de..." Ainda não tenho local onde irei expor mas neste momento interessa-me construir de novo uma boa colecção temática de pinturas minhas, para que as possa posteriormente expor com mais rigor e em local apropriado. Ao mesmo tempo vou participando em colectivas de arte.


Em Caixa
Eduardo Carqueijeiro
Formação na área artística:

1976-1981. Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa.
Tendo tido como professores Frederico Jorge e Daciano Costa.

1976-1981. AR.CO – Arte e Comunicação de Lisboa.
Tendo tido como professores António Sena e João Hogan
1997-1999. Bolseiro do British Council
1998. Central St. Martins College of Art e Design, Londres
1998. Slade School of Art, Londres

Exposições individuais:
1982. Delegação de Turismo da Horta, Horta
1989. Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal, Setúbal
1991.Centro de Marim, Olhão
1993. Galeria Matsinhe, Bruxelas
1993. Forum da Maia, Maia
1994. Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal, Setúbal
1994. Galeria Cogito, Setúbal
1995. Embaixada de Portugal, Bruxelas
1995. Inatel, Setúbal
1996. British Council, Lisboa
1997. Museu do Trabalho M. Giacometti, Setúbal
1997. Galeria Maria Pia, Lisboa
1997. Instituto Português da Juventude, Setúbal
1999. Central Tejo, Lisboa
2000. Administração do Porto, Sines
2000. Palácio da Praça de Stª Maria, Óbidos
2001. Casa de Cultura, Elvas
2001. Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal, Setúbal
2002. Estalagem do Sado, Setúbal
2003. Biblioteca Pública, Ponta Delgada
2003. Centro de Congressos, Angra do Heroísmo
2003. Centro do Mar, Fabrica da Baleia, Horta
2005. Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa
2005. Presidência do Instituto Politecnico de Setúbal
2006. Galeria Carmina, Terceira
2006. Museu de Arte Contemporânea, Funchal

Participou em 61 exposições colectivas em Portugal e no estrangeiro.
É membro da ANAP – Associação Nacional dos Artistas Plásticos , da Cooperativa Árvore – Porto, da Sociedade Portuguesa de Autores, da ArtSet-Associação de Artistas Plásticos de Setúbal e do Instituto Açoriano de Cultura

Em colecções, instituições públicas ou fundações, está representado em:
Assembleia Regional dos Açores
British Council
Câmara Municipal de Setúbal
Câmara Municipal da Maia
Câmara Municipal de Palmela
Câmara Municipal da Horta
Câmara Municipal de Óbidos
Câmara Municipal de Elvas
EDP.Electricidade de Portugal
Embaixada de Portugal (Bélgica)
Escola Superior de Ciências Empresariais
Fundação Atlântida (Bruxelas)
Fundação Oriente
Governo Civil de Setúbal
Instituto Português da Juventude
Instituto da Conservação da Natureza
Instituto Açoriano de Cultura
INATEL
Operação Integrada de Desenvolvimento da Península de Setúbal
Ordem dos Advogados
Observatório Vulcanológico dos Açores
Presidência do Governo Regional dos Açores
Parque Natural da Arrábida
Parque Natural da Ria Formosa
Parque Natural de Serras d´Aires e Candeeiros
Museu de Angra do Heroísmo
Museu da Electricidade
Museu de Jesus, Setúbal
Museu da Cidade da Horta
Museu do Pico
Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal

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