A Bordo da Sagres

quarta-feira, 13 de junho de 2007

José Alberto Silveira, Luís Paulo Garcia e António Manuel Garcia foram reconhecidos publicamente na passada sexta-feira, a bordo do navio escola Sagres.
Estas condecorações surgem no âmbito das comemorações do Dia da Marinha que se realizaram na cidade da Horta.
Recorde-se que José Alberto Silveira, Luís Paulo Garcia e António Manuel Garcia foram agraciados pelo salvamento feito há cerca de dois anos no Porto do Comprido, na freguesia do Capelo, a José Duarte e José Costa, que se encontravam a pescar de pedra naquele local, corria o dia 30 de Setembro de 2005, quando foram surpreendidos por uma alteração no estado do mar e se viram impedidos de regressar a terra.
Assim sendo, estes três faialenses foram condecorados com Medalhas de Cobre por Coragem, Abnegação e Humanidade.

O NRP Sagres
O N.R.P. "Sagres" foi construído, em 1937, nos estaleiros Blohm & Voss (Hamburgo), tendo recebido o nome de "Albert Leo Schlageter". Foi o terceiro de uma série de quatro navios construídos para a marinha alemã que incluía o "Horst Vessel" (actual "Eagle" dos Estados Unidos), o Gorch Fock (actual "Tovarish" da Ucrânia) e um outro casco, nunca concluído nem aparelhado. Um quinto navio, o "Mircea", foi propositadamente construído para a marinha romena. O aparelho do navio não concluído encontra-se no actual Gorch Fock, navio alemão, construído em 1958, de acordo com os mesmos planos. Este facto atesta bem o valor das qualidades náuticas dos navios construídos vinte anos antes.
Em 1945, o "Albert Leo Schlageter", danificado durante a guerra, foi capturado em Bremerhaven pelas forças americanas e posteriormente cedido ao Brasil, em 1948.
Em 1962 Portugal adquire-o ao Brasil para substituir o então N.R.P. "Sagres". Este tinha sido também um navio alemão, o "Rickmer Rickmers", construído em 1896, em Bremerhaven.
Em 1924, é então incorporado na marinha portuguesa, como navio-escola. Esta razão explica o facto de, nomeadamente no estrangeiro, o actual N.R.P. "Sagres" ser muitas vezes apelidado, erradamente, de "Sagres II". Na realidade este é o terceiro navio com o nome "Sagres". O primeiro foi uma corveta em madeira, construída em 1858, em Inglaterra, que armava em galera. Fundeada no rio Douro serviu como navio-escola, para alunos-marinheiros, entre 1882 e 1898.
O N.R.P. "Sagres" foi aumentado ao efectivo da marinha portuguesa a 8 de Fevereiro de 1962, em cerimónia realizada no Rio de Janeiro. No dia 25 de Abril largou do Brasil e chegou a Lisboa a 23 de Junho. A continuidade de um navio com as características da "SAGRES" na marinha portuguesa teve como principal objectivo assegurar a formação marinheira dos cadetes por forma a complementar a instrução técnica e académica ministrada na Escola Naval.
Para além das viagens de instrução, o N.R.P. "Sagres" tem como missão a representação de Portugal, e da marinha portuguesa, funcionando como embaixada itinerante. Cumprindo as suas missões o N.R.P. "Sagres" já efectuou, inclusivamente, duas circum-navegações, em 1978/79 e 1983/84 e outras viagens de duração superior a oito meses, e já visitou 45 países. Nas duas voltas ao mundo efectuadas, o navio passou o canal do Panamá, bem como na viagem em que participou na Regata Colombo, em 1992. Em 1993 passou o cabo da Boa Esperança, fez escala em Cape Town, na África do Sul, e visitou o Japão pela terceira vez.


A Missão
A missão fundamental do N.R.P. "SAGRES" tem consistido em possibilitar um amplo e profundo contacto com a vida do mar às sucessivas gerações de oficiais da Armada, através das viagens de instrução nele efectuadas.
Para além das viagens de instrução, o N.R.P. “Sagres” tem igualmente como sua missão principal a representação da Marinha e do País, visitando com frequência portos estrangeiros, surgindo essas deslocações quer na sequência das viagens de instrução já anteriormente referidas; de comemorações de grande envergadura; e de apoio directo à acção diplomática dos órgãos de soberania , aquando das visitas oficiais de altas entidades do Estado.
De qualquer modo, a presença naval em portos estrangeiros assume sempre um carácter de representação, ainda que não oficial, do País. E a experiência da Marinha através do N.R.P. “Sagres” neste tipo de missões tem contribuído decisivamente para um sucesso contínuo e desejado.
Em colaboração programada com o Ministério dos Negócios Estrangeiros e com o apoio das representações diplomáticas locais, assim como das autoridades navais dos portos escalados, são organizadas visitas de cumprimentos, recepções a bordo e em terra, e muitas outras actividades. O navio abre igualmente a visitas ao público em todos os portos escalados, e são distribuídos folhetos relativos à história e às características do Navio.
Por outro lado, existe sempre a preocupação de escolher escalas nos portos onde existem comunidades portuguesas. A prática tem, de resto, evidenciado a justeza desta opção pelo orgulho e sentimento patriótico demonstrados pelas comunidades portuguesas em todo o mundo.
Só razões de ordem financeira têm impedido a satisfação de muitos dos inúmeros convites para que a Marinha e Portugal se façam representar pelo N.R.P. “Sagres” em importantes comemorações nos cinco continentes.

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