A 27 de Setembro de 1957 na freguesia do Capelo, iniciou-se uma erupção submarina, que se manteve em actividade até Outubro de 1958.
Esta crise vulcânica marcou decididamente a história do Faial, da Região, quer por se ter revelado, por um lado, de grande importância para a vulcanologia mundial, quer pelo facto de representar a última grande vaga de Emigração portuguesa para o Estrangeiro, em especial para América do Norte.
Com o objectivo de salientar, de perpetuar a memória colectiva e permitir a participação activa da população neste acontecimento, a Comissão Executiva das Comemorações do 50.º Aniversário do Vulcão dos Capelinhos, planificou um extenso e aliciante programa de actividades que ao longo de um ano vai evidenciar a importância que este acontecimento teve quer a nível sócio-económico, quer a nível vulcanológico, turístico, ambiental, nos Açores, em Portugal e no Mundo.
História
Até à vulgarização das mais diversificadas observações do globo terrestre por satélites mais ou menos sofisticados, nomeadamente após a década de 80, a actividade vulcânica submarina era estudada com enormes constrangimentos. O Vulcão dos Capelinhos, por motivos que só a Mãe Natureza conhece, rompeu a crusta insular na mesma fractura de antecessores geneticamente idênticos (caso do vulcão do Costado da Nau), na extremidade ocidental da ilha do Faial.
Passados tantos anos, Capelinhos ainda se pode considerar único no mundo das Ciências Vulcanológicas nomeadamente por ter sido fotografado, observado, estudado e interpretado desde o respectivo início (cerca da 7h da manhã do dia 27.Set.1957) até ao "adormecimento", em calma tarde de 24 de Outubro de 1958. Tais condições resultaram da proximidade à ilha do Faial, a um peculiar eng. residente local chamado Frederico Machado (Director dos Serviços Distritais de Obras Públicas) e da equipa que ele constitui quer ao longo do período de actividade quer nos anos dos processos erosivos. Tais trabalhos foram naturalmente autorizados pelo Governador Civil Dr. Freitas Pimentel, médico de profissão, sensível às manifestações da Natureza e preocupado com a segurança dos habitantes que, por posição, lhe estavam confiados.
A Junta Geral do Distrito Autónomo da Horta, através de todos os serviços então existentes, o Governo Central, nomeadamente através do Ministro das Obras Públicas eng.º Arantes e Oliveira, encaminhou para a ilha do Faial importantes recursos financeiros. A comunidade açoriana residente nos Estados Unidos, perante a catástrofe económica e social, influenciou a abertura dum crédito extraordinário de emigrantes (os denominados "sinistrados do vulcão") que, em pouco mais de um ano, reduziu os habitantes da ilha a cerca de metade.
Após quase 50 anos a "terra-nova" dos Capelinhos, atacada por invernias de diversas intensidades e cadências, encontra-se substancialmente reduzida (menos de 50%) mas ainda será por alguns anos um ex-libris faialense (para visitantes e para cientistas que observam no interior dos vulcões em destruição erosiva explicações de fenomenologias das fases activas).
A ilha do Faial, à semelhança de todas as restantes ilhas dos Açores, é de génese vulcânica e desenvolveu-se em 4 fases, temporalmente espaçadas. A mais antiga deve-se ter iniciado há cerca 800 mil anos e dela resultam as "lombas" da Ribeirinha, de Pedro Miguel e da Ponta da Espalamaca. A fase mais recente de cresimento da ilha enquadra o alinhamento de cones vulcânicos da zona do Capelo cujo extremo ocidental corresponde exactamente ao Vulcão dos Capelinhos.
Desse modo o Vulcão dos Capelinhos é uma das provas de que muitas das ilhas dos Açores se encontram divididas em sectores vulcânicamente activos o que, em termos práticos, significa que ao longo dos séculos irão surgir episódios vulcânicos em diversas parcelas insulares.
O fenómeno do vulcão
João Fernando de Azevedo e Castro, presidente da Câmara Municipal da Horta, referiu, na altura da apresentação do programa comemorativo que “o Vulcão dos Capelinhos, foi um fenómeno que extrapola a nossa dimensão e o nosso dia-a-dia, de forma perfeitamente fantástica. Nós estamos a falar da maior e última grande vaga de Emigração para a América do Norte, de um acontecimento que alterou de forma drástica a forma de viver quer nas ilhas dos Açores, quer de muitos outros locais de Portugal, quer das nossas comunidades nos sítios de recepção. Foi algo que alterou a vida dos nossos conterrâneos, dos nossos antepassados, quer numa perspectiva sócio-económica e demográfica, quer numa perspectiva científica, considerando a importância que este vulcão teve para o mundo científico, quer mesmo numa dimensão afectiva”. Neste contexto, o presidente aproveitou a ocasião para partilhar com os presentes, duas histórias que o marcaram particularmente e que demonstram de facto, a importância que o Vulcão teve e tem. Um dos episódios, surgiu pelo facto de, “a Horta fazer parte da Associação Europeia de Municípios com marina onde estão representados vários países da Europa. O representante Grego, é um antigo Capitão da Marinha Mercante. Na altura em que começou a Erupção do Vulcão dos Capelinhos, era o Comandante de um grande navio Grego, que navegava ao largo do Faial. Na altura teve a oportunidade de assistir ao fenómeno pelo mar, quando a erupção começou efectivamente a ter uma expressão visível. Então conta, que pararam o barco porque se pensou em evacuar a ilha e ficaram fundeados ao largo da ilha à espera que a decisão das autoridades portuguesas fosse tomada para que caso fosse necessário avançar ajudar na evacuação”, e salienta “esta foi uma história com a qual tive a oportunidade de me cruzar e que aproveito este momento para partilhar”. A outra história aconteceu quando durante uma sessão pública na Califórnia, fez uma breve apresentação do Vulcão dos Capelinhos e no final da sua divulgação, uma Emigrante faialense, se levanta no fim da sala, com a lágrima no olho, afirmando que só naquela altura percebeu porque se encontrava a viver naquele país e a razão pela qual tinha emigrado. E terminou afirmando que, “o Vulcão está cheio destas histórias. Portanto a minha intervenção deverá centrar-se nos potenciais que as pessoas desta sala têm de transmitir a milhares de pessoas o significado que este fenómeno teve nos últimos cinquenta anos da nossa vida, na vida de muitas pessoas que não estando nos Açores viveram esse acontecimento. Do significado histórico que o vulcão tem na contextualização política do país, no encaixe que teve face à política seguida pelo regime da altura, o seu significado e a forma como foi aproveitado e na forma como transformou as decisões. Portanto a ideia, é que cada um na sua área de intervenção, possa de alguma forma exponenciar verdadeiramente um fenómeno que tem uma dimensão extraordinária e perfeitamente notável e ao qual não me perdoaria se não o conseguíssemos efectivamente extrapolar à gigantesca dimensão que tem”.
Cultura versus ambiente
Outra vertente salientada nestas comemorações prende-se com o facto de todas elas estarem direccionadas para o ambiente. Face a isso mesmo, o Director Regional do Ambiente, Frederico Cardigos diz que “a Direcção Regional do Ambiente pretende manter um cruzamento entre a cultura e o Ambiente. Política esta que surgiu durante o tempo de Direcção de Eduardo Carqueijeiro, que começou a tecer laços entre estas duas temáticas e que na actual conjuntura se continua a seguir e explica Fredirico Cardigos, “uma forma óptima de transmitirmos valores ambientais à população em geral é utilizando os vectores culturais”, e continua, “O vulcão das Capelinhos é um espaço classificado pela Rede Natura 2000, a Rede Europeia, criada para salvaguardar espaços e habitats existentes na Europa, mas naquele sítio em especial é mais valorizado, pelo facto de se o sol é o pai da Vida a mãe, será a geologia e a vulcanologia. Naquele local, onde há cinquenta anos atrás o vulcão nos presenteou com mais um bocadinho do território nacional, faz todo o sentido o Ambiente participar e colaborar na sua dignificação. E é nesta tentativa de dignificar este espaço, que a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, o Governo dos Açores, têm trabalhado, através da implementação se uma série de infra-estruturas, orçadas em cerca de 2.5 milhões de euros, onde será construído um Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos. E aqui estamos apenas a falar das verbas destinadas às infra-estruturas, mas depois haverá ainda mais investimentos na área dos conteúdos.”
Comemorações
As comemorações dos 50 anos do Vulcão dos Capelinhos decorrerão entre 27 de Setembro de 2007 (50 anos após o início da erupção) e 24 de Outubro de 2008 (50 anos após o adormecimento do vulcão), com grande visibilidade não só ao nível da Região, como a nível Nacional e Internacional.
Do programa destacam-se para além das actividades náuticas, visitas guiadas ao vulcão e das exposições que irão estar patentes ao público, a realização de vários concursos, a apresentação de um Documentário Histórico sobre o Vulcão dos Capelinhos, de um Filme “Vulcão dos Capelinhos e a Emigração”, a realização de seminários, a inauguração do Centro de Interpretação, lançamento da Medalha Comemorativa das Comemorações, entre outros eventos de igual importância.
De salientar ainda, que as Comemorações deste Aniversário vão estar patentes na Bolsa de Turismo de Lisboa, com o lançamento da Medalha Comemorativa, do Livro de Prestigio e do Álbum Fotográfico.
As Comemorações do 50.º Aniversário do Vulcão dos Capelinhos estender-se-ão, também, à América, como forma de representar o significado da Emigração no decorrer da erupção do Vulcão, através da Festa do Emigrante, que se assinala em New Bedford e na Califórnia.
Presidente da República nas comemorações
As comemorações dos 50 anos da erupção do Vulcão dos Capelinhos vão trazer até ao Faial o Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, pela primeira vez em visita oficial aos Açores.
O Presidente da República chega à ilha do Faial no dia 7 de Outubro, fazendo parte da sua agenda, uma visita ao Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, na Freguesia do Capelo.
Nesse mesmo dia, Cavaco Silva estará presente numa cerimónia que terá lugar pelas 18h30, no Teatro Faialense, que marca a estreia mundial da peça musical alusiva à memória da erupção dos Capelinhos da autoria do compositor Eurico Carrapatoso.
Para além da apresentação da peça será igualmente exibido um documentário histórico sobre o Vulcão dos Capelinhos realizado pela RTP-Açores.
Para além da presença do Presidente da República, a cerimónia contará com a participação do Presidente do Governo Regional dos Açores e outras personalidades da vida política e social açoriana e nacional.
27 de Setembro de 2007
Assinala-se o início da erupção do Vulcão dos Capelinhos
07h30 – Programa Especial da RTP-Açores
09h00 - Lançamento de Foguetes em todas as localidades da ilha do Faial - Local: Todas as freguesias da ilha do Faial
10h00 – Visitas guiadas ao Vulcão dos Capelinhos destinadas a turistas, em autocarro - Dia Mundial do Turismo - Local: Vulcão dos Capelinhos
14h00 - Regata de Vela de Cruzeiros - Local: Horta - Vulcão
15h00 - Missa Solene presidida pelo Bispo de Angra com a presença do Grupo Coral da Paróquia do Capelo, Grupo Coral da Horta e Coral de S. Catarina de Castelo Branco-Local: Vulcão dos Capelinhos
17h30 – Inauguração das exposições com os trabalhos dos concursos de pintura e fotografia sobre o Vulcão dos Capelinhos e cerimónia de entrega de prémios aos vencedores - Local: Polivalente do Capelo
19h00 – Telejornal transmitido do Vulcão dos Capelinhos
21h00 - Sessão Solene de Abertura das Comemorações do 50.º Aniversário - Local: Sociedade Amor da Pátria
- Lançamentos: Medalha Comemorativa e Livro de Prestigio
- Lançamento da colecção de selos “Vulcão dos Capelinhos” – Edição dos Correios de Portugal
A Simbologia do Logotipo das Comemorações
O logotipo associado às comemorações dos 50 anos da erupção do Vulcão dos Capelinhos transmite uma multiplicidade de mensagens, quer através das cores utilizadas, quer através dos traços que nele podem ser encontrados.
A curiosidade de cada motivo está justamente nas imensas possibilidades de descodificação. Senão vejamos. No pano de fundo do logotipo, em cinzento-escuro, poderá identificar-se o monte formado pelo Vulcão dos Capelinhos, banhado inferiormente pelo azul das águas do mar. Mas, talvez a imagem não seja mais do que um cachalote que, após atingir a superfície, depois de um mergulho a mais de mil metros de profundidade e de uma titânica apneia, liberta repentinamente o ar, desoxigenado e hiper-concentrado em vapor de água, que mantinha nos seus pulmões há mais de 60 minutos.
Se assim for, o pontinho branco será, certamente, o olho do cachalote que espreita a população do Varadouro, tentando perceber a razão de tanta animação. Ou será na realidade, o farol que, até há cinquenta anos atrás, e desde o início do século XX, guiava em segurança os navios que cruzavam o Atlântico? É que, nos Capelinhos reúnem-se, exemplarmente, algumas das maiores forças da natureza, seja no campo geológico, biológico ou no génio humano.
Hoje, cinquenta anos depois, as explosões, os fumos e as labaredas, que dramaticamente empurraram grande parte da população faialense para a emigração, são factor de festa e de nova reunião. As cores amarela e laranja, que simbolizam as antigas lavas que, por curtos períodos é certo, ajudaram a solidificar o vulcão, são hoje as cores da festa e da alegria com que se irão vestir as freguesias do concelho da Horta. As cores rosa e vermelho que saem do vulcão ou que são libertadas pelo cachalote, entrelaçam-se exactamente com a mesma solidariedade e fraternidade com que, há cinquenta anos atrás, primeiro as freguesias dos Cedros e Castelo Branco e depois os Estados Unidos da América, souberam receber os desalojados do Capelo e Praia do Norte.
As comemorações dos cinquenta anos do vulcão dos Capelinhos querem transformar a saudade da partida, a nostalgia da ausência e o desespero de quem tudo perde numa enorme festa de encontro, de partilha, de memória e de reconhecimento!
Esta crise vulcânica marcou decididamente a história do Faial, da Região, quer por se ter revelado, por um lado, de grande importância para a vulcanologia mundial, quer pelo facto de representar a última grande vaga de Emigração portuguesa para o Estrangeiro, em especial para América do Norte.
Com o objectivo de salientar, de perpetuar a memória colectiva e permitir a participação activa da população neste acontecimento, a Comissão Executiva das Comemorações do 50.º Aniversário do Vulcão dos Capelinhos, planificou um extenso e aliciante programa de actividades que ao longo de um ano vai evidenciar a importância que este acontecimento teve quer a nível sócio-económico, quer a nível vulcanológico, turístico, ambiental, nos Açores, em Portugal e no Mundo.
História
Até à vulgarização das mais diversificadas observações do globo terrestre por satélites mais ou menos sofisticados, nomeadamente após a década de 80, a actividade vulcânica submarina era estudada com enormes constrangimentos. O Vulcão dos Capelinhos, por motivos que só a Mãe Natureza conhece, rompeu a crusta insular na mesma fractura de antecessores geneticamente idênticos (caso do vulcão do Costado da Nau), na extremidade ocidental da ilha do Faial.
Passados tantos anos, Capelinhos ainda se pode considerar único no mundo das Ciências Vulcanológicas nomeadamente por ter sido fotografado, observado, estudado e interpretado desde o respectivo início (cerca da 7h da manhã do dia 27.Set.1957) até ao "adormecimento", em calma tarde de 24 de Outubro de 1958. Tais condições resultaram da proximidade à ilha do Faial, a um peculiar eng. residente local chamado Frederico Machado (Director dos Serviços Distritais de Obras Públicas) e da equipa que ele constitui quer ao longo do período de actividade quer nos anos dos processos erosivos. Tais trabalhos foram naturalmente autorizados pelo Governador Civil Dr. Freitas Pimentel, médico de profissão, sensível às manifestações da Natureza e preocupado com a segurança dos habitantes que, por posição, lhe estavam confiados.
A Junta Geral do Distrito Autónomo da Horta, através de todos os serviços então existentes, o Governo Central, nomeadamente através do Ministro das Obras Públicas eng.º Arantes e Oliveira, encaminhou para a ilha do Faial importantes recursos financeiros. A comunidade açoriana residente nos Estados Unidos, perante a catástrofe económica e social, influenciou a abertura dum crédito extraordinário de emigrantes (os denominados "sinistrados do vulcão") que, em pouco mais de um ano, reduziu os habitantes da ilha a cerca de metade.
Após quase 50 anos a "terra-nova" dos Capelinhos, atacada por invernias de diversas intensidades e cadências, encontra-se substancialmente reduzida (menos de 50%) mas ainda será por alguns anos um ex-libris faialense (para visitantes e para cientistas que observam no interior dos vulcões em destruição erosiva explicações de fenomenologias das fases activas).
A ilha do Faial, à semelhança de todas as restantes ilhas dos Açores, é de génese vulcânica e desenvolveu-se em 4 fases, temporalmente espaçadas. A mais antiga deve-se ter iniciado há cerca 800 mil anos e dela resultam as "lombas" da Ribeirinha, de Pedro Miguel e da Ponta da Espalamaca. A fase mais recente de cresimento da ilha enquadra o alinhamento de cones vulcânicos da zona do Capelo cujo extremo ocidental corresponde exactamente ao Vulcão dos Capelinhos.
Desse modo o Vulcão dos Capelinhos é uma das provas de que muitas das ilhas dos Açores se encontram divididas em sectores vulcânicamente activos o que, em termos práticos, significa que ao longo dos séculos irão surgir episódios vulcânicos em diversas parcelas insulares.
O fenómeno do vulcão
João Fernando de Azevedo e Castro, presidente da Câmara Municipal da Horta, referiu, na altura da apresentação do programa comemorativo que “o Vulcão dos Capelinhos, foi um fenómeno que extrapola a nossa dimensão e o nosso dia-a-dia, de forma perfeitamente fantástica. Nós estamos a falar da maior e última grande vaga de Emigração para a América do Norte, de um acontecimento que alterou de forma drástica a forma de viver quer nas ilhas dos Açores, quer de muitos outros locais de Portugal, quer das nossas comunidades nos sítios de recepção. Foi algo que alterou a vida dos nossos conterrâneos, dos nossos antepassados, quer numa perspectiva sócio-económica e demográfica, quer numa perspectiva científica, considerando a importância que este vulcão teve para o mundo científico, quer mesmo numa dimensão afectiva”. Neste contexto, o presidente aproveitou a ocasião para partilhar com os presentes, duas histórias que o marcaram particularmente e que demonstram de facto, a importância que o Vulcão teve e tem. Um dos episódios, surgiu pelo facto de, “a Horta fazer parte da Associação Europeia de Municípios com marina onde estão representados vários países da Europa. O representante Grego, é um antigo Capitão da Marinha Mercante. Na altura em que começou a Erupção do Vulcão dos Capelinhos, era o Comandante de um grande navio Grego, que navegava ao largo do Faial. Na altura teve a oportunidade de assistir ao fenómeno pelo mar, quando a erupção começou efectivamente a ter uma expressão visível. Então conta, que pararam o barco porque se pensou em evacuar a ilha e ficaram fundeados ao largo da ilha à espera que a decisão das autoridades portuguesas fosse tomada para que caso fosse necessário avançar ajudar na evacuação”, e salienta “esta foi uma história com a qual tive a oportunidade de me cruzar e que aproveito este momento para partilhar”. A outra história aconteceu quando durante uma sessão pública na Califórnia, fez uma breve apresentação do Vulcão dos Capelinhos e no final da sua divulgação, uma Emigrante faialense, se levanta no fim da sala, com a lágrima no olho, afirmando que só naquela altura percebeu porque se encontrava a viver naquele país e a razão pela qual tinha emigrado. E terminou afirmando que, “o Vulcão está cheio destas histórias. Portanto a minha intervenção deverá centrar-se nos potenciais que as pessoas desta sala têm de transmitir a milhares de pessoas o significado que este fenómeno teve nos últimos cinquenta anos da nossa vida, na vida de muitas pessoas que não estando nos Açores viveram esse acontecimento. Do significado histórico que o vulcão tem na contextualização política do país, no encaixe que teve face à política seguida pelo regime da altura, o seu significado e a forma como foi aproveitado e na forma como transformou as decisões. Portanto a ideia, é que cada um na sua área de intervenção, possa de alguma forma exponenciar verdadeiramente um fenómeno que tem uma dimensão extraordinária e perfeitamente notável e ao qual não me perdoaria se não o conseguíssemos efectivamente extrapolar à gigantesca dimensão que tem”.
Cultura versus ambiente
Outra vertente salientada nestas comemorações prende-se com o facto de todas elas estarem direccionadas para o ambiente. Face a isso mesmo, o Director Regional do Ambiente, Frederico Cardigos diz que “a Direcção Regional do Ambiente pretende manter um cruzamento entre a cultura e o Ambiente. Política esta que surgiu durante o tempo de Direcção de Eduardo Carqueijeiro, que começou a tecer laços entre estas duas temáticas e que na actual conjuntura se continua a seguir e explica Fredirico Cardigos, “uma forma óptima de transmitirmos valores ambientais à população em geral é utilizando os vectores culturais”, e continua, “O vulcão das Capelinhos é um espaço classificado pela Rede Natura 2000, a Rede Europeia, criada para salvaguardar espaços e habitats existentes na Europa, mas naquele sítio em especial é mais valorizado, pelo facto de se o sol é o pai da Vida a mãe, será a geologia e a vulcanologia. Naquele local, onde há cinquenta anos atrás o vulcão nos presenteou com mais um bocadinho do território nacional, faz todo o sentido o Ambiente participar e colaborar na sua dignificação. E é nesta tentativa de dignificar este espaço, que a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, o Governo dos Açores, têm trabalhado, através da implementação se uma série de infra-estruturas, orçadas em cerca de 2.5 milhões de euros, onde será construído um Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos. E aqui estamos apenas a falar das verbas destinadas às infra-estruturas, mas depois haverá ainda mais investimentos na área dos conteúdos.”
Comemorações
As comemorações dos 50 anos do Vulcão dos Capelinhos decorrerão entre 27 de Setembro de 2007 (50 anos após o início da erupção) e 24 de Outubro de 2008 (50 anos após o adormecimento do vulcão), com grande visibilidade não só ao nível da Região, como a nível Nacional e Internacional.
Do programa destacam-se para além das actividades náuticas, visitas guiadas ao vulcão e das exposições que irão estar patentes ao público, a realização de vários concursos, a apresentação de um Documentário Histórico sobre o Vulcão dos Capelinhos, de um Filme “Vulcão dos Capelinhos e a Emigração”, a realização de seminários, a inauguração do Centro de Interpretação, lançamento da Medalha Comemorativa das Comemorações, entre outros eventos de igual importância.
De salientar ainda, que as Comemorações deste Aniversário vão estar patentes na Bolsa de Turismo de Lisboa, com o lançamento da Medalha Comemorativa, do Livro de Prestigio e do Álbum Fotográfico.
As Comemorações do 50.º Aniversário do Vulcão dos Capelinhos estender-se-ão, também, à América, como forma de representar o significado da Emigração no decorrer da erupção do Vulcão, através da Festa do Emigrante, que se assinala em New Bedford e na Califórnia.
Presidente da República nas comemorações
As comemorações dos 50 anos da erupção do Vulcão dos Capelinhos vão trazer até ao Faial o Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, pela primeira vez em visita oficial aos Açores.
O Presidente da República chega à ilha do Faial no dia 7 de Outubro, fazendo parte da sua agenda, uma visita ao Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, na Freguesia do Capelo.
Nesse mesmo dia, Cavaco Silva estará presente numa cerimónia que terá lugar pelas 18h30, no Teatro Faialense, que marca a estreia mundial da peça musical alusiva à memória da erupção dos Capelinhos da autoria do compositor Eurico Carrapatoso.
Para além da apresentação da peça será igualmente exibido um documentário histórico sobre o Vulcão dos Capelinhos realizado pela RTP-Açores.
Para além da presença do Presidente da República, a cerimónia contará com a participação do Presidente do Governo Regional dos Açores e outras personalidades da vida política e social açoriana e nacional.
27 de Setembro de 2007
Assinala-se o início da erupção do Vulcão dos Capelinhos
07h30 – Programa Especial da RTP-Açores
09h00 - Lançamento de Foguetes em todas as localidades da ilha do Faial - Local: Todas as freguesias da ilha do Faial
10h00 – Visitas guiadas ao Vulcão dos Capelinhos destinadas a turistas, em autocarro - Dia Mundial do Turismo - Local: Vulcão dos Capelinhos
14h00 - Regata de Vela de Cruzeiros - Local: Horta - Vulcão
15h00 - Missa Solene presidida pelo Bispo de Angra com a presença do Grupo Coral da Paróquia do Capelo, Grupo Coral da Horta e Coral de S. Catarina de Castelo Branco-Local: Vulcão dos Capelinhos
17h30 – Inauguração das exposições com os trabalhos dos concursos de pintura e fotografia sobre o Vulcão dos Capelinhos e cerimónia de entrega de prémios aos vencedores - Local: Polivalente do Capelo
19h00 – Telejornal transmitido do Vulcão dos Capelinhos
21h00 - Sessão Solene de Abertura das Comemorações do 50.º Aniversário - Local: Sociedade Amor da Pátria
- Lançamentos: Medalha Comemorativa e Livro de Prestigio
- Lançamento da colecção de selos “Vulcão dos Capelinhos” – Edição dos Correios de Portugal
A Simbologia do Logotipo das Comemorações
O logotipo associado às comemorações dos 50 anos da erupção do Vulcão dos Capelinhos transmite uma multiplicidade de mensagens, quer através das cores utilizadas, quer através dos traços que nele podem ser encontrados.
A curiosidade de cada motivo está justamente nas imensas possibilidades de descodificação. Senão vejamos. No pano de fundo do logotipo, em cinzento-escuro, poderá identificar-se o monte formado pelo Vulcão dos Capelinhos, banhado inferiormente pelo azul das águas do mar. Mas, talvez a imagem não seja mais do que um cachalote que, após atingir a superfície, depois de um mergulho a mais de mil metros de profundidade e de uma titânica apneia, liberta repentinamente o ar, desoxigenado e hiper-concentrado em vapor de água, que mantinha nos seus pulmões há mais de 60 minutos.
Se assim for, o pontinho branco será, certamente, o olho do cachalote que espreita a população do Varadouro, tentando perceber a razão de tanta animação. Ou será na realidade, o farol que, até há cinquenta anos atrás, e desde o início do século XX, guiava em segurança os navios que cruzavam o Atlântico? É que, nos Capelinhos reúnem-se, exemplarmente, algumas das maiores forças da natureza, seja no campo geológico, biológico ou no génio humano.
Hoje, cinquenta anos depois, as explosões, os fumos e as labaredas, que dramaticamente empurraram grande parte da população faialense para a emigração, são factor de festa e de nova reunião. As cores amarela e laranja, que simbolizam as antigas lavas que, por curtos períodos é certo, ajudaram a solidificar o vulcão, são hoje as cores da festa e da alegria com que se irão vestir as freguesias do concelho da Horta. As cores rosa e vermelho que saem do vulcão ou que são libertadas pelo cachalote, entrelaçam-se exactamente com a mesma solidariedade e fraternidade com que, há cinquenta anos atrás, primeiro as freguesias dos Cedros e Castelo Branco e depois os Estados Unidos da América, souberam receber os desalojados do Capelo e Praia do Norte.
As comemorações dos cinquenta anos do vulcão dos Capelinhos querem transformar a saudade da partida, a nostalgia da ausência e o desespero de quem tudo perde numa enorme festa de encontro, de partilha, de memória e de reconhecimento!
Informações colhidas no site www.vulcaodoscapelinhos.org
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