“Vê e admira, contempla e adora, nas obras da criação, a força que as criou, cria, conserva e destina. Contempla Deus nas suas obras que te estão de todos os lados patentes. Está Deus em tudo que nos cerca; tudo grande; tudo maravilhoso; tudo omnipotente e omnisciente; tudo Deus. Se és um crente nada precisas que te digam acerca de Deus, que trazes no coração; mas se não és religiosamente crente, crente és decerto nas maravilhas que se te oferecem e sobre que não podes fechar os olhos, ainda que quisesses. Admira, pois, e adora, porque a admiração leva a adoração como os olhos levam ao amor."
Escritor, jornalista, professor, reitor e presidente de câmara… comemoraria 150 anos a 18 de Maio, falamos claro de Florêncio Terra, Ignotus, Máscara Verde, X ou Ri…cardo, estes últimos os seus pseudónimos.
O programa comemorativo desta importante data teve início hoje, na Casa dos Açores de Lisboa, com uma evocação de Florêncio Terra como antigo professor e reitor do Liceu da Horta e uma conferência de análise da sua obra literária por António Soares, responsável pelo projecto "Linhas de Leitura".
No domingo, dia 18 de Maio, dia do seu aniversário, pelas 10h00, celebrar-se-á uma missa em memória de Florêncio Terra seguida de romagem ao cemitério do Carmo com deposição de uma coroa de flores e colocação de uma placa na campa de Florêncio Terra, em cumprimento da deliberação da Câmara Municipal, tomada em 30 de Abril de 1958.
Pelas 15h30 haverá o descerramento de uma placa alusiva aos 150 anos do nascimento de Florêncio Terra e um concerto de música clássica pelo Conservatório Regional da Horta, com interpretação do tema "As Quatro Estações" de Piazzola no Jardim Florêncio Terra.
Mais tarde, a 20 de Junho, na Sociedade Amor da Pátria haverá a cerimónia de entrega do prémio literário "Florêncio Terra".
A 25 de Novembro serão lançados contos inéditos do escritor Florêncio Terra.
De acordo com informação disponibilizada junto da página da internet da Associação Florêncio Terra (http://www.florencioterra.com); “Florêncio Terra nasceu na Horta, ilha do Faial, a 18 de Maio de 1858, filho do conhecido capitão da marinha mercante Florêncio José Terra Brum e de Maria dos Anjos da Silva Mariz Sarmento. Pelo lado paterno pertencia à família do barão de Alagoa, uma das mais distintas e influentes do seu tempo.
Cursou com distinção o Liceu da Horta, aí começando, em 14 de Outubro de 1888, a reger interinamente a cadeira de Introdução à História Natural.
Pretendendo seguir a carreira do magistério liceal, prestou, de seguida, brilhantes provas em Lisboa, ficando aprovado. Foi nomeado a 8 de Novembro de 1896 professor vitalício, iniciando uma carreira que manteria toda a vida. Ensinou Matemática e Ciências Naturais.
Exerceu em duas ocasiões (1907-1911 e 1928-1929) o cargo de reitor do Liceu da Horta (Liceu Manuel de Arriaga), distinguindo-se como professor e administrador.
Para além da sua actividade como professor liceal, exerceu diversos cargos públicos na administração distrital e local, entre os quais os de vereador e vice-presidente da Câmara.
Foi sócio fundador do Grémio Literário Artista Faialense em 1874.
Pertenceu a uma geração de valores notáveis naquele centro citadino, embora nem todos naturais de lá, conhecendo outras figuras de relevo cultural, da geração anterior. Conviveu com António Lourenço da Silveira Macedo, autor da História das Quatro Ilhas que Formam o Distrito da Horta, com João José da Graça, Garcia Monteiro, Manuel Joaquim Dias, os contistas Nunes da Rosa e Rodrigo Guerra e diversos intelectuais que por aqueles anos viveram na Horta.
Como jornalista, dirigiu, com Luís Barcelos, o semanário literário A Pátria (que inicou publicação a 13 de Dezembro de 1876) e, com Manuel Zerbone, o semanário literário intitulado Biscuit (iniciou publicação a 5 de Julho de 1878). A sua maior actividade como jornalista exerceu-a no diário O Açoreano ( na 2.ª série, iniciada a 1 de Março de 1895) e no semanário literário e noticioso O Faialense, cuja 2.ª série iniciou a 5 de Novembro de 1901, de parceria com Marcelino Lima e Rodrigo Guerra.
Colaborou ainda nas publicações do Grémio Literário Artista Faialense, n’O Telégrafo, no Correio da Horta e em diversas revistas e jornais de Lisboa, nomeadamente no Ocidente, na Ilustração Portuguesa, no Branco e Negro e na revista literária de O Século.
Assinava os seus artigos e contos usando, geralmente, os pseudónimos de "Ri…Cardo", "X", "XXX", "Y", "Máscara Verde", "Nemo", "Zague" e "Ignotus".
Cedo revelou dotes de contista. Em 1897, na colectânea Seara Alheia, organizada por Alfredo Mesquita, figura o seu conto A Debulha, a par de contos de Fialho de Almeida, Trindade Coelho, Ficalho, Abel Botelho e alguns mais.
Outros contos de Florêncio Terra foram publicados em vida do autor, dispersamente, por jornais e revistas portuguesas. Mas a maior parte ficou inédita.
Como apreciável cultor do conto idílico e prosador fluente, foi sempre destacado por autorizados críticos. Nunes da Rosa, em O Telégrafo, de 18 de Maio de 1942, considera-o uma glória nacional, pelo nível artístico do seu estilo. Júlio de Castilho, o segundo Visconde de Castilho, que foi governador civil da Horta, refere-se também apreciativamente ao seu estilo e qualidades de artista da linguagem. Como excelente prosador o classifica Vitorino Nemésio.
Escritor regionalizante, mas não regionalizante apenas, e na vida do povo, do Faial e do Pico, que encontra a temática para sua obra de ficcionista. Criou personagens de certo realismo e vigor psicológico, observadas na vida social rural, talvez sem atingir, em realismo e vigor, o grau de intensidade que podemos auscultar nesse outro notável contista, Nunes da Rosa.
Tentou o romance e o teatro. Não logrou, porém, essa obra teatral impor-se a uma vasta audiência. O seu drama Helena de Savignac foi representado na Horta em 1888. Luísa, outro drama de colaboração com Manuel Zerbone, lá se representara dois anos antes.
No género romance salientam-se O Enjeitado, Vingança da Noviça e As Duas Primas (incompleto), os dois últimos escritos, sob o pseudónimo "Zigue e Zague", em co-autoria com Zerbone.
Postumamente, em 1942, com prefácio de Osório Goulart, foi editado o 1.º volume de Contos e Narrativas, sendo depositária a Parceria António Maria Pereira. Destes se faz uma apreciação crítica na História Ilustrada das Grandes Literaturas (Literatura Portuguesa, vol. II), por Óscar Lopes.
Júlio Martins, em Contos Escolhidos de Autores Portugueses, manual para o antigo 3.º ano liceal, inclui dois contos de Florêncio Terra, retirados da História Ilustrada das Grandes Literaturas editada por Óscar Lopes.
Em 1949, saiu a lume na Horta um pequeno livro de 47 páginas, Natal Açoreano: cinco contos, entre eles Corações Simples, já incluído em Contos e Narrativas.
A par de Nunes da Rosa, Florêncio Terra é um escritor açoriano digno de ser conhecido não apenas localmente, mas no plano da literatura lusófona.
Faleceu na cidade da Horta a 25 de Novembro de 1941, deixando inédita boa parte da sua produção literária.
A 30 de Abril de 1958, a Câmara Municipal da Horta, por proposta do presidente Dr. Sebastião Goulart, deliberou que fosse colocada uma lápide na sepultura de Florêncio Terra e dado o seu nome ao Jardim Público da cidade.
A 21 de Novembro de 1987, a mesma Câmara, então presidida por Herberto Dart, voltou a homenagear Florêncio Terra, mandando cunhar uma medalha evocativa e colocar uma fotografia sua no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
"Os seus contos, na maior parte, são quadros campesinos. O amor e a dor encontram em Florêncio Terra, o mais cintilante intérprete da sua psicologia. Esses dois sentimentos, irmãos gêmeos, criaram o fundo luminoso dos quadros encantadores, flagrantes de realidade, que o exímio contista pintou inimitavelmente.
Na verdade, raros são os contos de Florêncio Terra que se não inspiram nesse encantamento do amor, nas suas multimodas facetas, desde o amor da terra, que nos dá o pão, ate ao amor de Deus, que nos dá a vida: o amor das crianças, das flores, dos animais, das aves, das estrelas, da juventude e da velhice. Tudo é amor duma doçura inspirativa, mas quantas vezes lacerado pela dor, porque ela é tambem inseparável do amor.
Nunca, porem, a jaca duma paixáo ignobil transparece na pureza lilácea dos mais deliciosos afectos com que Florêncio Terra soube colorir os seus formosos quadros. A sua alma de artista voava sempre nas mais altas regiôes do pensamento.
Escritor, jornalista, professor, reitor e presidente de câmara… comemoraria 150 anos a 18 de Maio, falamos claro de Florêncio Terra, Ignotus, Máscara Verde, X ou Ri…cardo, estes últimos os seus pseudónimos.
O programa comemorativo desta importante data teve início hoje, na Casa dos Açores de Lisboa, com uma evocação de Florêncio Terra como antigo professor e reitor do Liceu da Horta e uma conferência de análise da sua obra literária por António Soares, responsável pelo projecto "Linhas de Leitura".
No domingo, dia 18 de Maio, dia do seu aniversário, pelas 10h00, celebrar-se-á uma missa em memória de Florêncio Terra seguida de romagem ao cemitério do Carmo com deposição de uma coroa de flores e colocação de uma placa na campa de Florêncio Terra, em cumprimento da deliberação da Câmara Municipal, tomada em 30 de Abril de 1958.
Pelas 15h30 haverá o descerramento de uma placa alusiva aos 150 anos do nascimento de Florêncio Terra e um concerto de música clássica pelo Conservatório Regional da Horta, com interpretação do tema "As Quatro Estações" de Piazzola no Jardim Florêncio Terra.
Mais tarde, a 20 de Junho, na Sociedade Amor da Pátria haverá a cerimónia de entrega do prémio literário "Florêncio Terra".
A 25 de Novembro serão lançados contos inéditos do escritor Florêncio Terra.
De acordo com informação disponibilizada junto da página da internet da Associação Florêncio Terra (http://www.florencioterra.com); “Florêncio Terra nasceu na Horta, ilha do Faial, a 18 de Maio de 1858, filho do conhecido capitão da marinha mercante Florêncio José Terra Brum e de Maria dos Anjos da Silva Mariz Sarmento. Pelo lado paterno pertencia à família do barão de Alagoa, uma das mais distintas e influentes do seu tempo.
Cursou com distinção o Liceu da Horta, aí começando, em 14 de Outubro de 1888, a reger interinamente a cadeira de Introdução à História Natural.
Pretendendo seguir a carreira do magistério liceal, prestou, de seguida, brilhantes provas em Lisboa, ficando aprovado. Foi nomeado a 8 de Novembro de 1896 professor vitalício, iniciando uma carreira que manteria toda a vida. Ensinou Matemática e Ciências Naturais.
Exerceu em duas ocasiões (1907-1911 e 1928-1929) o cargo de reitor do Liceu da Horta (Liceu Manuel de Arriaga), distinguindo-se como professor e administrador.
Para além da sua actividade como professor liceal, exerceu diversos cargos públicos na administração distrital e local, entre os quais os de vereador e vice-presidente da Câmara.
Foi sócio fundador do Grémio Literário Artista Faialense em 1874.
Pertenceu a uma geração de valores notáveis naquele centro citadino, embora nem todos naturais de lá, conhecendo outras figuras de relevo cultural, da geração anterior. Conviveu com António Lourenço da Silveira Macedo, autor da História das Quatro Ilhas que Formam o Distrito da Horta, com João José da Graça, Garcia Monteiro, Manuel Joaquim Dias, os contistas Nunes da Rosa e Rodrigo Guerra e diversos intelectuais que por aqueles anos viveram na Horta.
Como jornalista, dirigiu, com Luís Barcelos, o semanário literário A Pátria (que inicou publicação a 13 de Dezembro de 1876) e, com Manuel Zerbone, o semanário literário intitulado Biscuit (iniciou publicação a 5 de Julho de 1878). A sua maior actividade como jornalista exerceu-a no diário O Açoreano ( na 2.ª série, iniciada a 1 de Março de 1895) e no semanário literário e noticioso O Faialense, cuja 2.ª série iniciou a 5 de Novembro de 1901, de parceria com Marcelino Lima e Rodrigo Guerra.
Colaborou ainda nas publicações do Grémio Literário Artista Faialense, n’O Telégrafo, no Correio da Horta e em diversas revistas e jornais de Lisboa, nomeadamente no Ocidente, na Ilustração Portuguesa, no Branco e Negro e na revista literária de O Século.
Assinava os seus artigos e contos usando, geralmente, os pseudónimos de "Ri…Cardo", "X", "XXX", "Y", "Máscara Verde", "Nemo", "Zague" e "Ignotus".
Cedo revelou dotes de contista. Em 1897, na colectânea Seara Alheia, organizada por Alfredo Mesquita, figura o seu conto A Debulha, a par de contos de Fialho de Almeida, Trindade Coelho, Ficalho, Abel Botelho e alguns mais.
Outros contos de Florêncio Terra foram publicados em vida do autor, dispersamente, por jornais e revistas portuguesas. Mas a maior parte ficou inédita.
Como apreciável cultor do conto idílico e prosador fluente, foi sempre destacado por autorizados críticos. Nunes da Rosa, em O Telégrafo, de 18 de Maio de 1942, considera-o uma glória nacional, pelo nível artístico do seu estilo. Júlio de Castilho, o segundo Visconde de Castilho, que foi governador civil da Horta, refere-se também apreciativamente ao seu estilo e qualidades de artista da linguagem. Como excelente prosador o classifica Vitorino Nemésio.
Escritor regionalizante, mas não regionalizante apenas, e na vida do povo, do Faial e do Pico, que encontra a temática para sua obra de ficcionista. Criou personagens de certo realismo e vigor psicológico, observadas na vida social rural, talvez sem atingir, em realismo e vigor, o grau de intensidade que podemos auscultar nesse outro notável contista, Nunes da Rosa.
Tentou o romance e o teatro. Não logrou, porém, essa obra teatral impor-se a uma vasta audiência. O seu drama Helena de Savignac foi representado na Horta em 1888. Luísa, outro drama de colaboração com Manuel Zerbone, lá se representara dois anos antes.
No género romance salientam-se O Enjeitado, Vingança da Noviça e As Duas Primas (incompleto), os dois últimos escritos, sob o pseudónimo "Zigue e Zague", em co-autoria com Zerbone.
Postumamente, em 1942, com prefácio de Osório Goulart, foi editado o 1.º volume de Contos e Narrativas, sendo depositária a Parceria António Maria Pereira. Destes se faz uma apreciação crítica na História Ilustrada das Grandes Literaturas (Literatura Portuguesa, vol. II), por Óscar Lopes.
Júlio Martins, em Contos Escolhidos de Autores Portugueses, manual para o antigo 3.º ano liceal, inclui dois contos de Florêncio Terra, retirados da História Ilustrada das Grandes Literaturas editada por Óscar Lopes.
Em 1949, saiu a lume na Horta um pequeno livro de 47 páginas, Natal Açoreano: cinco contos, entre eles Corações Simples, já incluído em Contos e Narrativas.
A par de Nunes da Rosa, Florêncio Terra é um escritor açoriano digno de ser conhecido não apenas localmente, mas no plano da literatura lusófona.
Faleceu na cidade da Horta a 25 de Novembro de 1941, deixando inédita boa parte da sua produção literária.
A 30 de Abril de 1958, a Câmara Municipal da Horta, por proposta do presidente Dr. Sebastião Goulart, deliberou que fosse colocada uma lápide na sepultura de Florêncio Terra e dado o seu nome ao Jardim Público da cidade.
A 21 de Novembro de 1987, a mesma Câmara, então presidida por Herberto Dart, voltou a homenagear Florêncio Terra, mandando cunhar uma medalha evocativa e colocar uma fotografia sua no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
"Os seus contos, na maior parte, são quadros campesinos. O amor e a dor encontram em Florêncio Terra, o mais cintilante intérprete da sua psicologia. Esses dois sentimentos, irmãos gêmeos, criaram o fundo luminoso dos quadros encantadores, flagrantes de realidade, que o exímio contista pintou inimitavelmente.
Na verdade, raros são os contos de Florêncio Terra que se não inspiram nesse encantamento do amor, nas suas multimodas facetas, desde o amor da terra, que nos dá o pão, ate ao amor de Deus, que nos dá a vida: o amor das crianças, das flores, dos animais, das aves, das estrelas, da juventude e da velhice. Tudo é amor duma doçura inspirativa, mas quantas vezes lacerado pela dor, porque ela é tambem inseparável do amor.
Nunca, porem, a jaca duma paixáo ignobil transparece na pureza lilácea dos mais deliciosos afectos com que Florêncio Terra soube colorir os seus formosos quadros. A sua alma de artista voava sempre nas mais altas regiôes do pensamento.
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