Comemorações do Dia dos Açores

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Quinze minutos de fogo de artifício emprestaram ao casario da Vila das Velas cores bem diferentes das que se podiam descortinar na noite escura.
Os desenhos de luz e o ribombar dos foguetes ficaram a marcar, de forma festiva, o encerramento das comemorações do Dia dos Açores numa ilha de S. Jorge que se entregou, por completo – a exemplo das outras oito ilhas – à celebração do culto ao Espírito Santo, na popularmente chamada Segunda-Feira da Pombinha.
O presidente do Governo Regional, que, no discurso proferido na sessão solene comemorativa do Dia dos Açores, afirmou estarem os açorianos a festejar “partilhando as sopas do Espírito Santo, as sopas do novo ânimo – o alimento com o sentido da pertença e da fraternidade comunitária que só está ao alcance de gente que se assegura como um Povo”, fez questão de participar em alguns dos festejos.
Assim, esteve na Escola Básica e Secundária das Velas, onde professores, alunos e encarregados de educação festejaram o Divino Espírito Santo, numa iniciativa que registou a adesão de quase mil pessoas e que mereceu, de Carlos César, palavras de elogio e de incentivo, já que constituía exemplo de integração da escola na comunidade.
Em alguns outros locais de S. Jorge, como a Beira, os Rosais e a Calheta, o presidente do Governo teve o ensejo de participar em rituais de celebração do Divino Espírito Santo que sobreviveram à passagem dos séculos e se mantêm fiéis à tradição, de que são exemplo os foliões ou os carros de bois.
Aliás, os carros de bois, tão típicos da Festa do Divino Espírito Santo, estiveram representados no desfile que ocorreu logo após a sessão solene, desfile em que participaram igualmente várias bandas de música, o grupo de escuteiros locais e os Bombeiros da Praia da Vitória.
E se S. Jorge foi, com estas comemorações, o centro das atenções do arquipélago, o ensejo foi aproveitado pelo Governo Regional para homenagear um dos seus mais ilustres filhos, o maestro Francisco de Lacerda.
Em cerimónia presidida por Carlos César foi descerrada uma lápide que confere ao Museu de S. Jorge o nome do “jorgense europeu” e inaugurada uma exposição de fotografias, cartas, partituras e diversos objectos – alguns deles pessoais – de Francisco Lacerda, um pioneiro no panorama musical português e um açoriano que é, hoje, motivo de orgulho.
O presidente do Governo dos Açores fez uma analogia entre o espírito de partilha muito próprio das Festas do Espírito Santo e a Identidade Açoriana para dizer que esse sentido de pertença e de fraternidade comunitária só está ao alcance de gente que se assegura como um Povo.
“Ora, um Povo não é coisa que passe a ser porque os outros a reconheçam, mas tão só condição de quem se conhece a si mesmo. Reafirmemos, pois, contra a escuridade e a ignorância dos catalogadores, que somos o “Povo Açoriano”! Basta nos conhecermos. Basta sabermos. Basta querermos”, afirmou Carlos César.
Aludindo à homenagem que iria ser prestada, como em anos anteriores, a diversas personalidades, nomeadamente os membros da Junta Regional dos Açores – o último órgão político executivo nomeado, em 1975, pelo Governo Central que, sendo, embora, o primeiro órgão de governo regional, não poderia ser, nem o foi, verdadeiramente, por escassez de competências e carência de legitimidade democrática, um órgão de autogoverno – saudou todos os que o integraram, por terem participado na História dos açores, independentemente dos resultados da sua acção individual e colectiva.
“Esse foi um tempo de apaixonados pelos Açores, que se agitaram buliçosos nas suas diferenças, que se combateram vigorosamente por causa dos seus ideais, que se arreliaram porque acharam que tinham razão. Hoje, são tantos os desavindos de então que se abraçam como hão-de ser alguns os correligionários de então que se separaram”, frisou Carlos César.





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