III Festival de Teatro enche palcos faialenses

segunda-feira, 9 de março de 2009


A convite da Câmara Municipal da Horta, a Associação Cultural Teatro de Giz está a organizar o III Festival de Teatro do Faial, que decorre entre 15 de Março e 19 de Abril.

Estarão no Faial cinco companhias a apresentar espectáculos nos vários fins-de-semana durante o período referido: O BANDO (Palmela), ACERT (Tondela), ESTE (Beira Interior), TANXARINA (Galiza) e CARROCEL (Horta, que irá estrear o seu novo trabalho durante o evento).

Mas para além dos espectáculos irão ocorrer oficinas e encontros para que o público também se transmute e possa participar na acção que leva o teatro a acontecer.

Tribuna das Ilhas esteve à conversa com Miguel Machete, o responsável pelo Teatro de Giz, que disse à nossa reportagem que “aceitámos este desafio por ser o teatro a nossa maior bandeira… e achámos que é uma forma de poder mostrar e ensinar o teatro. Vamos apostar nos espectáculos com várias companhias e em oficinas que as pessoas possam aprender como o teatro se faz”.

Os grupos que estarão no Faial são muito diferentes, “porque queremos tornar este festival o mais abrangente possível. Se tivéssemos mais verbas poderíamos, como é evidente, ter outras companhias, mas para já só nos é permitido ter estas. As companhias cá presentes representam várias formas de fazer teatro: os Tanxarina estão dedicados à construção de titeres, fantoches e teatro de sombras. O Bando tem a tradição da máquina e da cenografia. ACERT tem uma ligação muito forte com uma associação “Trigo Limpo” e está ligado ao teatro da palavra. Já a companhia ESTE baseia-se nos gestos. São quatro formas de apresentar teatro bem diferentes.”

O Carrocel, grupo faialense, também vai participar neste festival com a estreia da sua última peça.

O Teatro de Giz vai estar presente mas na organização, porque, de acordo com Miguel Machete, é complicado estar nas duas vertentes, até porque a nossa peça “Nós aqui no meio sem saber de nada”, envolve uma logística muito complicada, uma vez que o cenário é todo na plateia e as cadeiras tem que ser postas no palco, conforme noticiámos na altura.

Teatro o bando

Fundado em Outubro de 1974, parte de um projecto dedicado a um público infantil e juvenil, desenvolvendo a ideia de um teatro comunitário que é encontro de gerações. Mais de 60 criações e eventos, a partir de textos de autores portugueses, não escritos para teatro. o bando gosta de espaços não convencionais actuando em comboios, florestas, fachadas de edifícios, lagos ou no interior de construções com memória ou múltiplos significados. Muitas vezes utiliza objectos cénicos invulgares, as “máquinas de cena”, concebidas pelo seu fundador e encenador João Brites. o bando afirma-se num trabalho de pesquisa e experimentação de linguagens teatrais. A contemporaneidade artística do bando emerge pelo respeito da memória colectiva de um povo, apresentando a dimensão etnológica como fonte de inspiração.

Tanxarina

Esta companhia foi fundada em 1983 por ex-alunos de Harry Tozer, professor de construção e manipulação de marionetas do Instituto do Teatro de Barcelona. Desde então, tornou-se numa das mas conceituadas companhias do teatro de títeres galego tanto dentro como fora da Galiza.

Dedicam-se prioritariamente à produção de espectáculos dirigidos a um público essencialmente infantil e juvenil e onde combinam diversas técnicas de animação.

Trigo Limpo Teatro Acert
Desde a sua formação, em 1976, tem vindo a afirmar-se como uma companhia teatral apostada na descoberta de intercepções entre as distintas linguagens artísticas e do espectáculo, como forma de potenciar uma intervenção teatral experimental, consequente, criativa e socialmente integrada numa intervenção cultural comunitária.
O TRIGO LIMPO teatro ACERT, para além da apresentação de textos dramáticos de autor, estreou mais de uma dezena de textos teatrais próprios, incidindo a maior parte deles na adaptação teatral de textos de autores contemporâneos (Herman Hesse, Ilse Losa, Isabel Allende, José GomesFerreira, Lobo Antunes, Mia Couto, Santos Fernando, entre outros), para além de originais criados especificamente para a Companhia. A itinerância assume um dos eixos que caracterizam a dinâmica da Companhia correspondendo a mais de 70% do total da actividade, possibilitando-lhe a criação de novos públicos, uma proximidade com as distintas realidades culturais e o estabelecimento de circuitos de descentralização. Para além dos seus espectáculos, o Trigo Limpo teatro ACERT amplia o seu exercício de difusão à promoção de redes de circulação de espectáculos de outros grupos nacionais e internacionais em outros pontos do pais onde desenvolve actividade.
Além das participações em Festivais no estrangeiro, a promoção de projectos de intercâmbio tem alcançado particular notoriedade na actuação internacional do Trigo Limpo teatro Acert, destacando-se as acções desenvolvidas em Moçambique, Brasil e Galiza, onde a Companhia tem coordenado amplos programas em parceria com grupos e criadores de todo o Mundo.

Estação Teatral ESTE

Flexibilidade e abrangência são conceitos intimamente ligados à dramaturgia e encenação nas criações da ESTE. Assim, toda a actividade é previamente idealizada para dar resposta às novas exigências e limitações de cada novo espaço, na perspectiva de se poder transmitir a essência e a configuração das propostas iniciais com maior acuidade e intencionalidade.

Mãe Preta (2004); A lenda de Marialva (2005); Pax Romana (2006); O filho da Dona Anastácia - 1ª versão (2006); A Velha dos Dentes Novos (2007); O filho da Dona Anastácia - 2ª versão (2007); A verdadeira história da Tomada do Carvalhal (2007); Cinema mudo (2008) e Terra de ninguém (2008) são as peças que esta estação levou à cena.

Aproveitando a apresentação de espectáculos, e as técnicas que vão sendo utilizadas, a ESTE realiza anualmente várias formações/seminários, sobre as mais diversificadas temáticas. Nestas acções de formação, surgem no intuito de introduzir/aprofundar conhecimentos e competências artísticas. "Teatro de Sombras ", "Máscaras na Representação de Uma História", são apenas algumas das formações realizadas pela ESTE.

1 comentários:

Marla disse...

É sem dúvida uma iniciativa de valor, e é sempre bom conhecer iniciativas culturais de outras paragens, para alargar horizontes.
No entanto, nunca é demais lembrar o que esta terra tem feito na área do Teatro: o grupo organizador do Festival, Teatro de Giz, que tem tido projectos que nos enchem de orgulho, o "veterano" Carrocel, o Sortes à Ventura, o recém criado Teatro em Movimento da Unisénior e os grupos da Ribeirinha e de Pedro Miguel, Nós os Outros e ChamaRir, respectivamente, que têm trazido comédias bem engraçadas ao público faialense. Também urge apoiar estes "pilares" de Teatro Amador do Faial.