A Direcção Regional das Comunidades, da Presidência do Governo Regional dos Açores promoveu entre 15 e 20 de Novembro o evento “ Palavras, Sons e Movimento – o Uruguai nos Açores, nas ilhas de Santa Maria, São Miguel, Pico e Faial.
Esta iniciativa inseriu-se no âmbito de acção deste departamento do Governo Regional na diáspora e na divulgação dos laços históricos e culturais que unem os Açores ao Uruguai.
Com a realização deste evento, de acordo com informação da DRC, pretendeu-se dar a conhecer à sociedade açoriana o trabalho desenvolvido no Uruguai a nível cultural e académico, e em áreas como a história, a música e a dança.
Do programa deste iniciativa constaram conferências e espectáculos de dança com folclore uruguaiano e tango da Associatiacion Civil Los Azoreños.
"A Saga da Gente dos Açores na América do Sul" foi o nome de uma conferência proferida por Raquel Domínguez de Minetti e Manuela Techera Cardozo e abordou, sobretudo, a saga dos açorianos em procura de terras para trabalhar e viver, na América do sul, do Maranhão (Brasil), às terras da Coroa Espanhola (Uruguai e Argentina).
Manuela Techera Cardozo e Raquel Domínguez de Minetti apresentaram ainda "Os Descendentes daqueles Açorianos no Uruguai de Hoje", uma conversa sobre os descendentes de açorianos galgaram fronteiras e escreveram uma história de mestiçagem étnica.O Uruguai de hoje, uma mistura de muitos povos: os símbolos, a produção, a educação, etc.
“Os açoriano-descendentes que colonizaram o Sul do Rio Grande do Sul brasileiro e os territórios fronteiriços com o Uruguai” foi o nome da palestra de Washington Batista.
O Uruguai é um dos países mais pequenos do continente americano. Outrora, era apelidado a Suiça da América do Sul devido à prosperidade e à neutralidade que usufruía.
Durante a maior parte do séc. XX teve governos democráticos, um Estado-Providência generoso e um elevado nível de vida. Contudo, nestas últimas décadas, o Uruguai não tem sido excepção entre a generalidade das nações latino-americanas, com uma economia periclitante, greves, guerrilha urbana, governo militar, hiperinflação e violações dos direitos do Homem.
A prosperidade foi o resultado da riqueza do solo do Uruguai e do seu clima temperado. Nove décimos do território do país são propícios à agricultura, mas só 10% são cultivados. No resto das suas onduladas terras pastam manadas de gado bovino e rebanhos de ovinos.
Em 1903, José Batlle y Ordoñez assumiu a presidência deste país devastado pela guerra civil, por várias invasões – antes de se tornar independente da Espanha, em 1828 – e por uma guerra com o Paraguai. Durante o seu governo as exportações aumentaram muito, enriquecendo o país. Elas financiaram a instauração da democracia e a edificação do primeiro Estado-Providência do continente.
Esta prosperidade atraiu ao Uruguai numerosos imigrantes, principais responsáveis pela verdadeira revolução demográfica sofrida pelo país durante o séc. XIX. Até 1850, vieram sobretudo da Espanha, da Itália e da França. Em 1830, o Uruguai contava com 70 000 habitantes; em 1875, possuía 450 000 e, em 1900, tinha um milhão de habitantes; mas só durou até meados do séc. passado, altura em que se instalou a recessão. As receitas das exportações da carne, lã e couros começaram a diminuir a partir de 1945 e de 1960 em diante, foram poucos os anos em que se registou crescimento económico. Na década de 1960, a inflação atingiu a taxa anual de 50%, o nível de vida desceu e os Uruguaios deixaram de poder pagar as importações a que se tinham acostumado nos tempos de prosperidade.
O descontentamento provocou greves generalizadas e o aparecimento de um movimento de guerrilheiros urbanos, os Tupamaros, recrutados entre a juventude da classe média de Montevideu. Este movimento esquerdista, perfilhando ideias anarquistas, foi responsável, entre outros actos, por raptos de políticos e industriais para obtenção de resgates. A incapacidade demonstrada pelo Governo na luta contra os Tupamaros levou os militares a tomarem o poder em 1973.
O Uruguai ganhou nova fama como o país com o maior número de presos políticos per capita. Com efeito, em 1976, havia no país 4700 presos políticos.
Porém, o governo militar não conseguiu resolver a crise económica que foi, ainda, agravada pela recessão mundial. Em 1984, a inflação subira em flecha, o desemprego atingia mais de 15% e a dívida externa elevava-se a 5500 milhões de dólares.
Os militares, face a uma oposição generalizada, “lavaram as mãos” dos problemas do país. No meio de grande regozijo geral, 2 milhões de uruguaios foram às urnas em 1984, pondo termo a dois anos de ditadura militar e restauram a democracia no país. No entanto, poucos meses depois de terem entregue o poder ao presidente Júlio Sanguinetti (que governou entre 1985 e 1990), dirigente do Partido Colorado, de feição liberal, os militares faziam já ameaças veladas de um novo golpe, caso o governo civil perdesse o controle do país.
O Uruguai já foi comparado à Atenas antiga pelo flagrante paralelismo com uma cidade-Estado – uma grande urbe rodeada por um vasto rancho. Na realidade, metade dos mais de três milhões de habitantes do país vive na capital, Montevideu.
Os cerca de 200 mil agricultores do país alimentam esses mais de milhão e meio de habitantes de Montevideu, cultivando vinhas, pomares, arrozais, olivais e pomares de citrinos. O resto do país está entregue aos gaúchos (vaqueiros) que trabalham nas grandes estâncias (ranchos).
O Uruguai não tem ouro nem prata e, actualmente, dada a inexistência de jazidas de petróleo e gás natural, as outras fontes de energia assumiram grande importância, nomeadamente, as centrais hidroeléctricas em Palmar e Salto Grande.
Em 1991, o Uruguai foi país fundador e passou a integrar o Mercosul, mercado económico e aduaneiro do qual fazem parte também o Brasil, a Argentina e o Paraguai.
A qualidade de vida da maioria dos Uruguaios é uma das mais altas da América Latina.
Da blogosfera para o papel
Há 13 anos
1 comentários:
Olá gostaria de manter um contato sobre esse assunto Uruguai no Açores, podes me escrever meu emails é glauce.paes@hotmail.com
Obrigada desde ja.
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