quinta-feira, 23 de julho de 2009

20 anos depois…

Evocação do Encerramento da Escola do Magistério

Os números:

1945 – a fundação

1989 – o encerramento

956 – alunos formados

37 – cursos


A Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta, a Universidade Sénior da Ilha do Faial e a Sociedade Amor da Pátria promovem no próximo dia 3 de Agosto, uma sessão sobre a antiga Escola do Magistério Primário da Horta.

Num debate moderado pela professora Maria Simas, antiga aluna, professora e directora daquele extinto estabelecimento de ensino, vão ser abordados “20 anos depois… evocação do encerramento da Escola do Magistério. Expectativas e desencantos. Injustiça ou sinal dos tempos?”. Durante esta sessão, deixarão os seus testemunhos os professores Fernando Faria, Jaime Baptista e Ruben Rodrigues.

Ainda integrado nesta jornada comemorativa, o Centro de Estudos da Unisénior vai lançar um estudo sobre narrativas autobiográficas com os percursos profissionais dos Antigos Alunos da Escola do Magistério.

A Escola do Magistério foi criada em 1945/47 e funcionava nos Liceus e por inerência do Reitor que era o Reitor da Escola.

Nos Açores existiam três escolas do Magistério: Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta.

“No magistério formávamos professores para o ensino primário, que hoje é designado por ensino básico” - explica Maria Simas ao Tribuna das Ilhas que afirma que, “para nós, ditos das Ilhas de Baixo, esta era a única porta de saída profissional”.

Depois do 25 de Abril houve uma grande viragem no modelo de funcionamento dos Magistérios, que se traduziu numa tentativa de melhoria da qualidade da preparação dos profissionais.

Essas mudanças fizeram-se sentir sobretudo nas condições de acesso ao curso, e na duração do mesmo que, em vez de dois anos, passou a ser de três anos. Em 1989 foi deliberado extinguir as Escolas do Magistério e criar um Centro Integrado de Formação de Professores – CIFOP. Esse Centro tinha igualmente três pólos: Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta.

“Quando foi deliberada a criação desse centro, ficámos, nós os faialenses e todos os que se interessavam pelo ensino, logo desapontados. No decreto constituinte era afirmado que os pólos de Angra e Ponta Delgada entrariam imediatamente em exercício e o da Horta só funcionaria quando reunisse as condições indispensáveis. Até hoje nunca conseguimos saber quais eram essas condições. O pólo da Horta era um nado-morto.”

Vinte anos depois, Maria Simas diz que “sentimos uma grande decepção e injustiçados. Não nos deram oportunidade. A Universidade dos Açores quando começou não foi com as condições ideais e hoje é o que é. Não nos foi dada oportunidade de mostrar se éramos ou não capazes de ter um pólo do CIFOP”.

O momento é para esta figura do ensino da nossa terra, “muito triste… sinto que foi um esforço inglório todo aquele que desenvolvi há vinte anos atrás. Só espero que não desistam de lutar para que a Horta não perca importância no contexto regional” – afirma a Professora, que espera desta palestra que “se sacuda alguma consciência adormecida”.

Episódios…

Um episódio caricato e que marcou a Professora Maria Simas foi “veio frequentar a escola um aluno vindo de Aveiro. Tinha lá feito exame de admissão e sido aprovado mas, devido aos números clausus não pode matricular-se. Chegou cá, matriculou-se e no final do primeiro ano pediu transferência para ir estudar para perto de casa. No segundo ano, passado talvez um mês das aulas, tenho um telefonema dele a pedir para voltar. O director da escola também me ligou para saber o que fazíamos cá para que o aluno estivesse tão ansioso por voltar. Chegou e foi a minha casa cumprimentar-me e entregou-me uma caixinha com uma pulseira de ouro mandada por sua mãe. Fiquei muito reticente em aceitar porque apenas tinha cumprido o meu dever. Coerentemente e para não o magoar aceitei e, no dia de entrega de diplomas usei-a. Depois da cerimónia chamei-o e entreguei-lhe a pulseira para que a oferecesse à sua noiva ou à sua primeira filha.”

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