quinta-feira, 16 de julho de 2009

Les Sables-Horta-Les Sables


Os 24 veleiros participantes na regata da Classe 40 Les Sables-Horta-Les Sables chegaram à Horta no domingo e, na tarde de quarta-feira, partiram para a segunda perna desta regata.



O «Telecom Itália», da dupla Giovanni Soldini/Karinne Fauconnier, ganhou a primeira etapa da regata Les Sables/Horta/Les Sables, cortando a linha de meta ao fim de 6 dias, 11 horas, 55 minutos e 6 segundos de travessia oceânica entre França e os Açores.
No final de tarde de terça-feira, um dia antes da partida rumo a França, velejadores e organização reuniram-se para uma cerimónia de entrega de prémios.
A Horta recebeu assim a 1ª Regata Oceânica para barcos da Class 40'. Esta é uma classe muito competitiva, sendo das mais importantes a competirem em todo o mundo.
Desta forma, a cidade da Horta reforça a sua posição no panorama das regatas internacionais, constituindo-se como um veículo de promoção turística dos Açores.


João Castro – Presidente CMH
Para o presidente da Câmara Municipal da Horta, João Castro, “esta cerimónia reveste-se de importância primeiro porque nos coloca, mais uma vez, na rota dos grande eventos náuticos internacionais. Em segundo lugar porque registamos uma relação com uma cidade francesa que se intitula como a capital das rotas ao largo, ou seja, uma cidade com grande importância e que encontrou na Horta o parceiro primordial para o desenvolvimento deste tipo de eventos. Em terceiro lugar porque estamos no aniversário da cidade da Horta e simbolizar este momento, em que projectamos o futuro e reflectimos sobre o passado com um evento desta natureza com vários países representados, poderá ser também relevador do grande potencial que a Horta tem em receber eventos desta natureza.”
Ainda não está agendada a realização de uma segunda edição desta regata mas, de acordo com o presidente da autarquia, “tudo indica que haverá dentro de dois anos uma segunda edição da Les Sables-Horta-Les Sables, mas penso que se forem reunidas as condições este evento poderá voltar a realizar-se. Para o próximo ano já está agendado mais uma edição da regata de 6.5m, mais um evento notável com a cidade de Sable D’Olonne.”




Giovanni Soldini
Agora, na largada para a segunda perna da competição, a equipa italo-francesa Giovanni Soldini/Karinne Fauconnier, que cumpriu o primeiro percurso em 6 dias, 11 horas, 55 minutos e 6 segundos, leva quatro horas e meia de vantagem sobre o belga «Zed 4», de Gérald Bibot/Didier Le Vourch, tendo no seu encalço, mas já a sete e meia/oito horas, o franco-chinês «Plan – Les Enfants Changeront le Monde» (Denis Lazat/Frédéric Nouel), o francês «CG Mer» (Wilfrid Clerton/Loic Lehelley) e o australiano «Palanad II» (Nicholas Brennen/Oliver Bond).
Questionado sobre as dificuldades que teve que enfrentar até chegar à Horta, Giovanni Soldini diz que “este foi um percurso muito táctico e onde tentámos sempre encontrar bons ventos. Não é fácil ganhar porque existem mais 23 barcos a querer o mesmo”.
Quanto às expectativas para o regresso, o italiano disse aos jornalista que “as condições meteorológicas não são animadoras, mas vamos tentar manter a nossa primeira posição”.
“Os 40 pés são uma classe nova e que têm um sucesso muito grande porque são barcos menos onerosos, quer na aquisição, quer na manutenção. Para além disso as regatas desta classe juntam muitas nacionalidades o que é muito reconfortante” – afirma este homem do mar.
Depois da Les Sables, este velejador vai participar na regata Fast-Net e na Rota do Chocolate.

Victor Medeiros – Presidente Associação de Vela dos Açores
A Associação de Vela dos Açores tem um papel primordial na projecção da modalidade. Victor Medeiros esteve presente na cerimónia de entrega de prémios da Regata e falou ao Tribuna das Ilhas: “quer para os Açores, quer para o país, estas regatas de vela oceânica estão a ganhar enorme relevo. É muito importante para a Horta estar na linha da frente do lançamento desta classe que se espera venha a ganhar grande projecção.”
Questionado sobre o impacto que estes eventos podem ter nos velejadores açorianos, o presidente da ARVA diz que “do ponto de vista desportivo quando conseguimos trazer embarcações duma competição deste nível aos Açores para demonstrar que há outro tipo de competição, outra vela a que eles, eventualmente, podem querer adoptar.”
Sobre a vela na nossa Região, Victor Medeiros afirma-se de “consciência tranquila”, e explica que “no contexto nacional somos 12% das licenças desportivas. Qualitativamente, o quadro sofreu algumas mudanças que dificultam a rodagem nos campeonatos nacionais dos velejadores dos Açores. Já tivemos momentos melhores, mas penso que o momento actual é de reflexão, para que possamos concluir quais os motivos que nos fizeram chegar a este ponto e elaborar projectos no sentido de estimular a qualidade dos velejadores que temos”.

Armando Castro – Grande impulsionador
A sala ergueu-se para um aplauso a Armando Castro, o grande impulsionador desta regata. Sem esconder a emoção, este homem do mar falou ao Tribuna desta experiência.
“Esta ideia surge há 4 anos quando apareceu a classe dos 40 pés. Logo nos apercebemos que esta seria uma classe que teria um grande número de adeptos, derivado às condições das embarcações. É uma classe extremamente competitiva e muito menos onerosa que os 60 pés e, efectivamente, isso veio a comprovar-se”, explica Armando Castro que continua relatando, “há 3 anos veio ao Faial o presidente da classe que se mostrou muito interessado em lançar uma regata para os Açores e aqui estamos com o grande empenho da cidade de Sable D’Olonne. Uma cidade que partilha dos mesmos interesses que a cidade da Horta no que diz respeito à náutica de recreio.”
Esta é a maior regata da classe 40 realizada desde a sua existência ao registar 24 veleiros. No ano passado foram somente 10 embarcações na competição que foi rumo à Madeira, “penso que isto é revelador da vitalidade desta classe e que num futuro próximo teremos mais embarcações a entrar no Porto da Horta em competições deste género”.
“A Marina da Horta tem uma política de promoção que passa por apoiar este tipo de eventos que julgamos ser importantes não só do ponto de vista desportivo como de promoção da cidade a nível mundial” – sublinha.

Hugo Pacheco – Presidente do Clube Naval da Horta
Outro parceiro desta organização é o Clube Naval da Horta. Hugo Pacheco frisou que, “ o CNH, para além do seu papel desportivo, tem ainda um papel de motor de desenvolvimento social e turístico do Faial. Esta regata, por ser uma regata de classe, consegue absorver todas estas características. Proporciona ainda um desenvolvimento da vela uma vez que os nossos velejadores vêem nestes homens referências para o seu percurso.”
“Tentamos ainda projectar o mar dos Açores e da Horta como um destino turístico por excelência” – referiu.

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