Teatro de Todos e Para Todos

quarta-feira, 19 de março de 2008



“Um povo que não ajuda e não fomenta o seu teatro, se não está morto está moribundo” – Gabriel Garcia Lorca


Entre 27 de Março e 17 de Abril, decorrerá no Faial um extenso festival de teatro, com representações de vários tipos, grupos locais, regionais e nacionais, amadores e profissionais, que se estenderá por quase todas as freguesias da ilha e ainda incluirá formação.
Numa iniciativa da Câmara Municipal da Horta estão previstos 15 dias de intensa actividade teatral, naquele que é o II Festival de Teatro do Faial, depois da Edilidade ter considerado como sendo o primeiro, o projecto “Adolescentes na Hora H”.
Este semanário foi falar com a Vereadora da Cultura, Maria do Céu Brito, grande impulsionadora deste festival.
Participam os grupos “O Teatrinho”; “Seiva Trupe”; “Este”, “Chapitô”, “Sortes à Ventura”, “Chamarir”; “Nós outros”, “Mensagem” e “Já foste”. Haverá teatro em todas as escolas primárias, no Teatro Faialense e na Escola Secundária. Teatro de Todos e Para Todos.
Os objectivos deste II Festival são: promover o teatro como uma forma de arte por excelência, potenciadora do desenvolvimento da palavra, da expressão corporal, das emoções, da sensibilidade; promover o desenvolvimento de contextos de formação teatral abrangentes, envolvendo escolas, professores e alunos; criar contextos de formação de improvisação teatral e fóruns de discussão, sobre as artes em geral e o teatro em particular; desenvolver técnicas de construção de materiais lúdicos e expressivos e, por fim, potenciar actividades de carácter prático através da expressão corporal, dramática, musical e construção de fantoches.


Tribuna das Ilhas – Que balanço faz ao primeiro festival de teatro e o que levou a CMH a querer organizar a segunda edição?
Maria Céu Brito – Considerou-se o primeiro festival de teatro os “Adolescentes na Hora H”, uma vez que os objectivos foram idênticos e, trouxe grupos de teatro e fez formação, quer de jovens actores, quer de técnicos de saúde, entre outros. Esse projecto criou dinâmicas com muito interesse aqui na ilha e levou ao Teatro Faialense grupos de teatro e actores como Ruy de Carvalho, o projecto “Irmãos”, entre outros. Este primeiro festival incidiu muito na formação de actores e de jovens. Foi ainda este projecto que nos fez avançar para o plano municipal das toxicodependências.

T.I. – Quer isto dizer que o II Festival se vai desenvolver nos mesmos moldes do I?
MCB – O II Festival assume um carácter de festival jovem. Percorre uma dupla dimensão em termos de finalidades. Uma delas é trazer à cidade da Horta peças de teatro com qualidade, promover a interacção entre grupos de teatro amador e profissional, criar contextos de promoção do teatro e da cultura geral.
Uma nota marcante neste programa é a formação levada a cabo pelo Grupo de Teatro “O Teatrinho”, da Terceira, em todas as escolas do primeiro ciclo da ilha, isso quer dizer que todos vão assistir a um espectáculo de teatro de fantoches e vão passar o resto do dia a desenvolver técnicas de construção de fantoches. Este festival ainda tem uma proposta de formação na área do teatro de rua com o workshop de animação, dirigido a actores e a jovens eventualmente com necessidades de integração social. Pretende ser uma ferramenta para a autonomia. Vamos dar um curso de andas, magia e tudo o que seja teatro de rua.

T.I. – Que benefícios é que acha que podem daí advir?
MCB – Este festival tem um especial enfoque para a formação, com o objectivo de dar aos jovens ferramentas para a sua autonomia e para a vida. O ideal era que os jovens que frequentassem esses workshops tivessem todos mais de 16 anos, porque só assim podem colher os frutos.

T.I. – Esta é ainda uma forma que a Edilidade encontrou de comemorar o Dia Mundial do Teatro…
MCB – O festival integra as comemorações do Dia Mundial do Teatro mas pretende também, reforço, promover a interacção entre grupos amadores e profissionais.

T.I. – Quais são as suas expectativas em relação a este festival?
MCB – As expectativas são elevadas.

T.I. – È complicado organizar um evento deste nível, com tanta gente?
MCB – Não é complicado não. Se fosse em parceria com um grupo de teatro local seria mais fácil e mais participado mas, digamos que, quando avançámos para este festival foi no âmbito de um projecto que tínhamos apresentado à Adeliaçor e estávamos condicionados aos objectivos que tínhamos definido e a um orçamento. Este ano, vamos ter um grande festival organizados com poucos recursos, esperamos que no futuro a situação se altere.

T.I. – Enquanto actriz e amante do teatro e das artes o que significa para si todo este programa?
MCB – Acredito que só através das artes e da participação e criação artística é possível educar e construir uma sociedade melhor. Uma sociedade de homens mais livres, mais participativos, mais conscientes, mais atentos consigo próprios. Não é por acaso que a cultura está a ir a todas as escolas regularmente. Se pensarmos na sociedade de hoje, em que o calor da comunicação é quebrado por uma máquina, ou o computador ou a televisão, a arte tem que ser o escape.


Curiosidades
O Teatro nasceu em Atenas, associado ao culto de Dionísio, deus do vinho e das festividades.
As representações teatrais tinham lugar em recintos ao ar livre, construídos para o efeito. Os teatros gregos tinham tão boas condições que os espectadores podiam ouvir e ver, à distância, tudo o que se passava na cena, mesmo tratando-se de uma assistência muito numerosa. Isso devia-se, por um lado, ao facto de as bancadas se abrirem em leque sobre a encosta de uma colina e, por outro lado, a diversos artifícios utilizados em cena. Os actores usavam trajes de cores vivas e sapatos muito altos para ficarem com uma estatura imponente. Cobriam o rosto com máscaras que serviam quer para ampliar o som da voz, quer para tornar mais visível à distância, a expressão do personagem.
Um aspecto curioso é que, em cada peça, só existiam três actores, todos do sexo masculino. Cada um deles tinha que desempenhar vários papéis, incluindo os das personagens femininas. A representação dos actores, que actuavam na cena, era acompanhada pelos comentários do coro, que se movimentava na orquestra, juntamente com os músicos.
Havia dois géneros de representações: a tragédia e comédia.
As tragédias eram peças ou representações que pretendiam levar os espectadores a reflectirem nos valores e no sentido da existência humana.
As comédias eram, por sua vez, peças de crítica social que retratavam figuras e acontecimentos da sociedade da época, ridicularizando defeitos e limitações da actuação dos homens, provocando o riso na assistência.
O Dia Mundial do Teatro foi instituído em 1961, pelo Instituto Internacional do Teatro, um organismo da Unesco.
Em Portugal o teatro terá surgido com Gil Vicente, entre os séculos XV e XVI.




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