sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010


PSP da Horta

Índices de segurança elevados no Faial


O Comando Regional da Polícia de Segurança Pública já divulgou os dados estatísticos relativos ao ano de 2009.

No Faial, e aprofundado esta análise para dados da última década, constata-se que muita coisa mudou.

As detenções aumentaram, sobretudo no que diz respeito ao tráfico de droga (70%) e houve particular acção no que concerne à sensibilização.

A criminalidade baixou na ordem dos 14% e os sinistros rodoviários também diminuíram, se bem que, comparando com o início da década, sofreram um acréscimo.

O Comandante da Divisão da Horta, Comissário Carlos Ferreira, em entrevista ao Tribuna das Ilhas, esmiuçou estes dados.

Analisando os dados dos últimos dez anos da Polícia de Segurança Pública que conclusão se pode tirar?

Penso que no Faial temos hoje índices de segurança elevados. Não está tudo feito. Quem trabalha na área da segurança sabe que esta é uma batalha que em que ser travada e ganha todos os dias. Com o esforço dos elementos policiais, com a colaboração das várias entidades e uma maior participação dos cidadãos, quer adoptando medidas próprias de segurança, quer colaborando com a PSP com a prestação de informações, temos conseguido desenvolver um trabalho que na nossa perspectiva é muito positivo e tem contribuído para a diminuição dos índices de criminalidade e para o aumento do sentimento de segurança das pessoas.

Sente que houve uma mudança de postura e atitude por parte da população em relação à Polícia de Segurança Pública?

O trabalho que tem sido feito é um trabalho de equipa que, na minha perspectiva, tem corrido muito bem.

Nestes últimos anos a Polícia sofreu algumas alterações ao nível da atitude e da filosofia de trabalho. A generalidade dos elementos policiais tem hoje em dia uma atitude muito positiva perante o serviço. Tem a noção de que a polícia existe para servir a população e tenta diariamente fazer sempre o melhor possível.

Isto não significa que anteriormente não se fizesse, mas a própria formação dos elementos policiais é diferente. São profissionais com maior formação académica e com maiores habilitações técnicas.

Investimos muito na formação nos últimos anos e estou convicto de que na formação melhorou substancialmente o serviço policial, quer na ilha do Faial, quer nas outras ilhas da nossa área de responsabilidade.

Implementamos também um Programa Integrado de Policiamento de Proximidade que veio permitir-nos trabalhar de forma direccionada e personalizada com diversos públicos, desde as crianças aos idosos, mas também com pessoas com deficiência.

O trabalho que tem sido desenvolvimento nesta área da proximidade e da prevenção tem sido fundamental, quer na aproximação às pessoas, quer na prestação de conselhos de segurança, quer também para mudar a imagem que muitas pessoas tinham da PSP que era uma imagem menos positiva do que aquela que têm hoje.

No ano passado a nossa ilha foi fustigada por situações bastante delicadas. Vários julgamentos, apreensões, detenções… que balanço se pode fazer?

Penso que o ano de 2009 foi, em termos policiais, o melhor da última década. Tivemos o primeiro assalto a um banco, o primeiro assalto a uma bomba de combustível e o primeiro assalto a uma caixa Multibanco e um homicídio. Em termos de assaltos, foram crimes inovadores na ilha do Faial, aos quais a PSP respondeu rapidamente e com eficácia e deteve em flagrante os responsáveis, um deles já foi a julgamento, sendo que os outros aguardam o desenvolvimento do processo.

No caso do homicídio a preservação inicial dos vestígios foi feita pela PSP e a investigação seguiu-se com a Polícia Judiciária e com o apoio da PSP da Horta. Penso que, e apesar de ter demorado algum tempo devido à espera dos resultados laboratoriais, foi fundamental conseguir-se identificar e responsabilizar o autor. A forma como agiram a PSP e a PJ veio dar uma maior confiança às pessoas e diminuir o sentimento que pode existir de que as forças de segurança não colaboram.

Mas a certa altura, quando ainda decorriam as investigações desse caso concreto, havia um clima de instabilidade e insegurança por parte da população. Na ocasião o Comandante referiu que o Faial era uma ilha segura. Estes dados vêem conformar isso?

O Faial é, efectivamente uma ilha segura e esses dados confirmam que, nos últimos anos se tem tornado, pelo menos no que diz respeito aos dados de registo criminal, uma ilha mais segura do que no principio da década. É verdade que depois do homicídio a que nos reportamos houve uma fase de 3 meses de grande tensão na ilha e em especial na freguesia do Capelo, em que as pessoas se sentiam menos seguras e em que sentiam menos confiança no trabalho das forças policiais. Com a detenção do autor do crime, senti que as pessoas respiraram de alívio e isso foi importante para devolver a tranquilidade à população.

No que diz respeito aos estupefacientes houve um aumento na ordem de 70% de detenções. A PSP continua atenta a este flagelo ou acha que com estas detenções o assunto fica sanado?

O tráfico de droga é um crime que tem que ser combatido diariamente. É verdade que nos últimos anos têm sido detidos muitos indivíduos por tráfico de estupefacientes nas ilhas do Faial e do Pico.

Temos a noção de que quando identificada e condenada uma rede, no espaço de poucos meses aparecem novos elementos a ocupar esse vazio, portanto não me parece que seja possível eliminar o problema. É necessário um maior controle e fazer diariamente tudo aquilo que for possível para responsabilizar os traficantes e condená-los.

Continuo a pensar que com a excepção da liamba, não haverá grande tráfico nas ilhas da nossa responsabilidade, mas mesmo assim a PSP tem um trabalho muito importante a fazer e a sociedade tem que estar atenta e colaborar de forma activa com a Polícia porque a informação é fundamental para detectarmos essas situações. No ano passado fizemos detenções inclusive nas imediações dos estabelecimentos de ensino que foram importantes, sobretudo porque estes indivíduos estavam a aliciar alunos das nossas escolas.

Os Açores têm contrariado as médias nacionais no que concerne à sinistralidade rodoviária. O número de sinistros de 2009 baixou relativamente a 2008, mas comparando com o início da década, há um número muito maior de acidentes. A que se deve este facto?

Temos de considerar vários factores. Estão a circular muitas mais viaturas do que em 2000 e isso potencia um maior número de acidentes. Por outro lado, sendo verdade que os números do ano passado são superiores aos do início da década, a verdade também é que são muito inferiores do que aos dos anos mais recentes e julgo que isso se deve a um trabalho de sensibilização e informação que tem sido feito e tem sido importante. Nós temos perfeita consciência de que a sensibilização por si só não resolve todos os problemas e tem que ser necessariamente complementada pela fiscalização.

Também é um facto que para apostarmos em áreas como o combate à criminalidade, ao tráfico de estupefacientes e os atentados contra o património, nós temos retirado um pouco o efectivo à esquadra de trânsito.

Condução sob o efeito do álcool, pequenas desatenções e manobras perigosas são as causas da maior parte dos acidentes de viação que se registam. Penso que há uma falta de civismo nas nossas estradas.

Refere que tem que canalizar recursos humanos de uma área para outra. A Esquadra da Horta também se debate com uma falta de efectivos?

Todas as esquadras a nível nacional necessitariam de mais efectivos. No Faial, para se investir numa área, não havendo um aumento de efectivos é necessário desinvestir noutras.

Na esquadra da Horta não temos os efectivos ideais, temos pedido um esforço acrescido aos elementos que trabalham na esquadra e penso que têm correspondido com muito esforço, com prejuízo da sua vida pessoal e familiar, mas com um espírito de missão.

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