quinta-feira, 14 de janeiro de 2010


34 anos depois

DOP com instalações condignas

Trinta e quatro anos depois da sua fundação, o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade os Açores inaugurou na cidade da Horta, as suas novas instalações.

Desde há vários anos que os cientistas no Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores esperavam por novas instalações para melhorar as condições para investigação na área da Oceanografia e Pescas e o estudo dos recursos marinhos portugueses. Sedeadas no antigo hospital da Misericórdia, custaram 6,2 milhões de euros.
O Governo Regional contribuíu com 5 milhões.

Criado em 1976, o pólo da Horta da Universidade dos Açores debateu-se, inicialmente, com falta de projectos.
Aos poucos, e apesar de funcionar em instalações sem condições, foi-se afirmando no panorama da investigação internacional relacionada com o mar.
No porto da Horta, o DOP começou por se instalar em balneários públicos e, depois, em pré-fabricados.
É nesse espaço que funciona o Laboratório Internacional de Ecossistemas do Oceano Profundo (LabHorta) e o Coral Lab, o único em Portugal que estuda os corais de profundidade.
É também nesse espaço, encostado ao Monte Queimado que são ministradas as aulas do curso de Operador Marítimo-turístico.

Os cientistas do DOP, da Universidade dos Açores, estão entre os mais reconhecidos do mundo, graças aos projectos que têm desenvolvido nas áreas da Ecologia Marinha e Biodiversidade, Oceanografia Física e Biológica, Biologia, Ecologia e Avaliação dos Recursos Haliêuticos Pelágicos, Demersais e de Profundidade.

Avelino Menezes, Reitor da Universidade, frisou na altura que “a consolidação da universidade reclamava a construção de instalações condignas. A Universidade dos Açores garante assim em definitivo a condição de instituição tripolar. Após anos de incerteza a inauguração destas instalações é a confirmação da tripolaridade como modelo de organização da Universidade dos Açores.”

Sobre a Universidade dos Açores, Avelino Menezes diz que “é a única cuja personalidade deriva do carácter da geografia. A localização em pleno oceano opera a sua transfiguração em meios e diversidade. é o veiculo de difusão da língua e da cultura nacional.”

“Na Universidade dos Açores tudo obriga ao cultivo da abertura de horizontes. Hoje o DOP é um centro de investigação, organizado segundo critérios internacionais reconhecido como excelente. Este departamento é um porto de acolhimento de estudantes e investigadores de todo o mundo” – frisou ainda.

No entender do Reitor da Academia açoriana, “este dia equivale ao principio de um novo futuro alicerçado pela vocação do DOP que deve prosseguir o caminho já feito e que é internacionalmente reconhecido, por outras palavras, que o DOP permaneça como pólo de investigação cientifica. Esta deve ser uma escola de pós-graduação internacional.”

O ministro da Ciência e Ensino Superior, Mariano Gago, no discurso que proferiu na sessão solene comemorativa dos 34.º aniversário da Universidade dos Açores, frisou que a aposta nas pós-graduações internacionais “é um fenómeno cada vez mais emergente em toda a Europa”.

Nesse sentido, salientou o que tem feito a Universidade da Madeira, que apostou nas pós-graduações para ultrapassar o problema do reduzido números de alunos que habitualmente caracterizam as instituições de ensino superior insulares.

Mariano Gago referiu que as universidades de menor dimensão, como as dos Açores e Madeira, mas também outras no continente português, sempre se debateram com o fenómeno de os seus habitantes preferirem “mandar os filhos estudar para Lisboa”.

“O investimento nas pós-graduações internacionais poderá ajudar a combater esse fenómeno e atrair professores e alunos de todo o mundo”, afirmou.

A sugestão de Mariano Gago surgiu em resposta às críticas do reitor da Universidade dos Açores, Avelino Meneses, que lamentou os problemas de sub-financiamento com que se debatem a maioria das universidades do país.

O ministro da Ciência e do Ensino Superior anunciou ainda um novo projecto na área dos recursos biológicos e minerais, sobre os quais pode ler mais pormenores na entrevista da página seguinte.

“Um marco de betão e aço que, na firmeza dos seus materiais, alicerça igualmente a firmeza do compromisso assumido pelo Governo dos Açores na resolução definitiva dos problemas que rodearam a instalação dos campos universitários do Faial e da Terceira.”

Foi assim que o presidente do Governo dos Açores qualificou as novas instalações do Departamento de Oceanografia e Pescas, inauguradas na passada semana “um acontecimento que muito valoriza os Açores e o País e que reconfirma a ligação fecunda desta área do arquipélago ao conhecimento, à economia e aos assuntos do Mar”, como também disse

Carlos César manifestou ainda a sua confiança nas capacidades da instituição, antevendo o nascimento, na Horta, de um pólo de excelência ligado às tecnologias do mar profundo, mercê dos saberes e do prestígio já consolidados do DOP, bem como do empreendedorismo dos seus docentes e bolseiros.

Para além das suas fontes hidrotermais – em cujo estudo o DOP pode e tem de estar implicado – os mares dos Açores encerram o que qualificou de “assombrosa riqueza em recursos com potencial valor económico, científico e cultural”, pelo que considerou que “o potencial de desenvolvimento que esses recursos representam precisa de ser rapidamente apropriado pelos açorianos, sob pena de outros o fazerem.”

E, para o presidente do Governo, não se trata apenas da questão das pescas. “Trata-se, também, da defesa do princípio de que os recursos biológicos marítimos são um bem público que deve ser usufruído com protecção face a potências e actividades depredadoras.”

Para Carlos César, é igualmente importante aproveitar o enorme potencial para as actividades de lazer, razão pela qual o Governo tem apoiado iniciativas “que permitam aos pescadores entrar no mercado marítimo-turístico e promover o aparecimento de uma fileira de valor que integre essas actividades com a observação de cetáceos, os desportos náuticos e as actividades de lazer ligadas à fruição do mar.”

A qualificação dos recursos humanos suscitou ao governante a advertência de que “não podemos continuar a depender de outros na formação e certificação dos nossos recursos humanos ligados ao mar”, defendendo por isso a ideia de que a Horta e o DOP estão, naturalmente, na linha da frente da resposta a esse desafio, para o que podem contar com todo o apoio do Governo.

“Agora que em matéria de instalações estão reunidas as condições para que o DOP se consolide e cresça, chegou o momento da Universidade dos Açores assumir, de forma descomplexada, o lugar que também aqui no Faial e nas ciências do mar lhe cabe enquanto instituição de elite capaz de colaborar com o Governo dos Açores no desenvolvimento das nossas ilhas – neste caso, na tarefa difícil, mas irrecusável, de criar as condições materiais e, acima de tudo, humanas, para que os açorianos possam ocupar o seu mar, retirando dele o melhor proveito e cuidando para que cuidem dele”, concluiu Carlos César.

Ainda neste dia as Universidades dos Açores e de Coimbra procederam à assinatura de uma adenda ao protocolo do Ciclo Básico de Medicina, que acresce a duração daquele curso para 3 anos na universidade açoriana.

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