sexta-feira, 3 de julho de 2009

Greve da Transmaçor é para continuar

A empresa de transporte marítimo de passageiros, Transmaçor, cancelou em quatro dias da semana passada a viagem das 10 horas entre o Faial e o Pico, devido a uma greve de trabalhadores que reivindica aumentos salariais.
Em cima do Cais de Santa Cruz, na Horta, ficaram dezenas de passageiros que pretendiam atravessar o canal, e que desconheciam o pré-aviso de greve lançado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca.
Paulo Serpa, delegado sindical explicou ao Tribuna das Ilhas que os trabalhadores da Transmaçor só avançaram para a greve porque a empresa “nunca se quis sentar à mesa das negociações” para rever o Acordo da Empresa, nem para negociar aumentos salariais.
Findo que está o período de greve, aquele dirigente disse-nos ainda tudo isto foi motivado pela “recusa da direcção da empresa em renegociar o AE que contempla toda a organização do pessoal, serviços prestados, etc. Mas, a questão fundamental é que nem sequer querem falar com os sindicatos, nem querem renegociar.”
Em termos concretos, os trabalhadores da Transmaçor reivindicam um aumento de vencimento na ordem dos 20 euros e um aumento de cinquenta cêntimos no subsídio de refeição.
Paulo Serpa adiantou ainda a este semanário que, apesar de terem consciência de que a greve prejudicou em muito os passageiros e os funcionários, já entregaram novo pré-aviso de greve, para que, daqui a quinze dias, conforme estabelecido estatutariamente, procederem a uma nova acção de greve que vai contemplar não só as viagens das 10h e das 17h.
Segundo o acordo de trabalho em vigor, uma das cláusulas define que à empresa cabe “ ouvir os trabalhadores, através dos seus representantes oficialmente reconhecidos, sobre aspectos inerentes à eficiência dos serviços e bem-estar dos mesmos, nos termos da lei”.
O mesmo acordo estabelece ainda que “os períodos normais de trabalho semanal são de 37h30m para os trabalhadores do quadro de terra e de 40 horas para os trabalhadores do quadro de mar.
Para além disso há outros problemas que preocupam os trabalhadores, como sejam as constantes alterações aos horários por parte da Transmaçor.
Emanuel Pacheco, responsável da Transmaçor, disse ao nosso jornal que “o que está em causa, contrariamente ao que os delegados sindicais têm vindo a anunciar, não é uma alteração ao AE, mas sim um aumento salarial e isso, a empresa, conforme já explicámos aos mesmos, não tem capacidade para levar a efeito.”
De acordo com aquele responsável, “a empresa está numa situação financeira delicada e isso não é possível”.

Adiantou ainda que “através dos nossos advogados estamos a preparar um dossier com as alterações que gostaríamos de ver no AE.”
Confrontado com o facto de poderem ver-se a braços com uma nova greve daqui a quinze dias, Pacheco diz que tudo vão tentar fazer para evitar isso, mas “a situação da empresa é deficitária”. Aponta ainda o dedo aos delegados sindicais que o condenam de não se sentar à mesa para conversar porque “isso não é verdade, é apenas o reflexo de ter pessoas sem qualificações em cargos como esses, porque queremos tudo resolvido, dentro das nossas possibilidades.”
De acordo com informação disponibilizada no site da empresa, a "Transmaçor - Transportes Marítimos Açorianos, Ldª.", fundada em 22 de Dezembro de 1987, resultou da fusão da "Empresa das Lanchas do Pico, Ldª", armadora das embarcações "Espalamaca" e "Calheta"; "Empresa Açoreana de Transportes Marítimos, Ldª", que navegava com o Iate "Terra Alta" e da "Transcanal - Transportes Marítimos do Canal, Ldª", detentora dos tradicionais barcos de boca aberta "Picaroto" e "Manuel José".
Estas sociedades detêm 80% do Capital Social e o Governo Regional o restante.
A "Transmaçor" escala as cinco ilhas do Grupo Central dos Açores e mantêm actualmente ao seu serviço uma frota constituida pelas embarcações "Expresso do Triângulo", "Cruzeiro do Canal" e "Cruzeiro das Ilhas". Actualmente as embarcações ao serviço da Transmaçor operam nas ilhas do Grupo Central do Arquipélago dos Açores, efectuando ligações regulares durante todo o ano, com especial destaque para o canal entre os portos da Horta e Madalena em que são realizadas entre 4 e 6 ligações diárias.




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