JOÃO CASTRO – CANDIDATO DO PS À CMH - Estou receptivo a uma coligação

segunda-feira, 9 de março de 2009


Pela segunda vez, João Castro será o candidato do Partido Socialista à Câmara Municipal da Horta das eleições autárquicas de Outubro próximo, altura em que os cerca de 12 mil eleitores faialenses são chamados a cumprir o seu dever cívico.

É, até à altura, o candidato confirmado e, em entrevista ao Tribuna das Ilhas afirma que está receptivo a uma coligação. Afirma-se como a escolha acertada e tem todo o apoio do partido de Carlos César.


T.I. - Quais são as razões que sustentam a sua recandidatura à Câmara Municipal da Horta?
J.C. - Acima de tudo achar que ainda há um desafio para cumprir, que há um projecto e julgar que posso ser uma mais valia para este projecto. É também uma resposta ao convite, desafio e às abordagens que as pessoas me têm feito na rua. Sou das pessoas que acho que tenho uma dívida para com a ilha do Faial e para com a cidade da Horta. Foi aqui que nasci e cresci e portanto, enquanto acharem que posso ser útil e dar um contributo, sinto-me impelido a fazê-lo.
Por outro lado é um projecto pessoal, uma vez que a Câmara da Horta se vai lançar num dos seus maiores projectos. Sou um dos grandes responsáveis dessa obra e da criação das condições para que ela se possa vir a concretizar. Falo, claro, do Saneamento Básico.

T.I. – O Saneamento Básico era uma das linhas mestras do manifesto eleitoral que apresentou em 2005. Não tem medo de ser acusado de não ter cumprido essa promessa?
J.C. – Tenho consciência de que tudo fiz no sentido de o cumprir. Faltou uma melhor tramitação administrativa e não podem ser imputadas responsabilidades a ninguém porque os passos têm que ser dados desta forma. É um projecto muito complexo mas estamos na fase de adjudicação, ou seja, ainda não está mais está quase e já não é possível voltar para trás.
Candidato-me para dar a cara por um projecto. Sei que ainda existem algumas pessoas, uma franja mínima, que têm dúvidas sobre a sua implementação.

T.I. – E o que tem a dizer a essas pessoas?
J.C. – Digo que há um sinal claro e objectivo de que este projecto é indispensável e muito ambicioso para a ilha do Faial e, concretamente, para a cidade da Horta.

T.I. – João Castro não concorre sozinho… já tem a sua equipa formada?
J.C. – Diria que tenho uma grande parte da equipa formada especialmente na minha cabeça e no meu raciocínio. Ainda temos algum tempo e ainda não tenho todas as abordagens feitas porque devem ser feitas na altura e local próprio. Mas já tenho o “esqueleto”.

T.I. – E esse “esqueleto” tem que perfil?
J.C. – É baseado na necessidade de inovar, abrir à sociedade e de ter consistência e know-how no decisor político relativamente àquilo que acontecerá em quatro anos de projecto. É baseado numa confiança porque abarcar um projecto desta dimensão é algo exigente e em que as pessoas têm que acreditar porque há coisas que vão correr menos bem e para se fazer parte dum projecto desta natureza, é preciso saber superar as dificuldades e transformar as coisas que correm menos bem em coisas melhorar.

Das coisas mais nobres em democracia é ter a capacidade de acatar o que o povo quer, o que o povo ordena.


T.I. – Haverá coligação entre PS e CDU para estas autárquicas?
J.C. - Tudo está em aberto neste momento. Julgo que os partidos deverão reunir e reflectir sobre esta matéria. Da nossa parte há disponibilidade para que uma solução dessas possa, efectivamente, acontecer. Das coisas mais nobres em democracia é ter a capacidade de acatar o que o povo quer, o que o povo ordena.

T.I. – Para além do saneamento básico, quais são as suas pretensões, vontades e desejos para as próximas eleições?
J.C. – Tenho tido o cuidado de apresentar propostas e objectivos concretos aos faialenses. É fácil pegar no meu manifesto eleitoral anterior e a cada um dos objectivos que lá estão responder sim ou não. Existem sins que não estão completamente concretizados mas que já tiveram o seu arranque, mas há nãos que ainda não estão feitos mas que estão em vias de se concretizarem a muito breve trecho.
O manifesto a apresentar para 2009 vai basear-se no facto de o Faial estar no final de um ciclo de construção infraestrutural, grande parte condicionado, como é sabido, pelo sismo, mas considero que estamos a chegar ao fim desse ciclo. Houve uma reabilitação das habitações, do comércio e das infra-estruturas públicas e a partir daqui é importante ter investimento nas pessoas. Um investimento na formação e na qualificação que permita que as pessoas possam ter mais opções de oferta e, paralelamente melhorar. Queremos ainda ter oferta na área do investimento para que sejam os próprios cidadãos a ter a iniciativa.
Isto não foram coisas que estiveram esquecidas no passado, são coisas que deverão re-centrar as nossas atenções.

T.I. Então o que é que vai apresentar de inovador?
J.C. – Vamos ter três coisas inovadoras, mas temos que considerar inovador o investimento que se faz nas pessoas. Sem querer levantar muito o véu diria que vamos ter projectos muito interessantes mas quando se trabalha com pessoas depende-se muito de um conjunto vasto de factores. Penso que vamos estar à altura de construir um modelo social de uma rede infraestrutural que começamos a ver no concelho.
Há quatro anos atrás tínhamos uma listagem de cerca de uma dezena de infra-estruturas exigidas mas, agora, temos a segunda fase da Variante, da ampliação da pista do aeroporto da Horta e em termas, já não falamos nas restantes, mas às pessoas cabe fazer esse julgamento.
Neste momento urge valorizar as pessoas, colocá-las no sitio certo, incentivar ao empreendedorismo, inovar tecnologicamente, modernizar sectores e deixar de ver o sector empresarial como um todo e passar a ter nichos de empresas tendo como pano de fundo o aumento populacional e penso que vamos no bom sentido.


T.I. – Qual vai ser a sua maior aposta para vencer o Partido Social-democrata, o seu grande opositor nesta corrida à CMH?
J.C. – As pessoas… claramente as pessoas. Pela credibilidade do projecto, pela forma como apresentam as obras… teremos de encontrar uma forma de os eleitores verem na nossa candidatura um espelho daquilo que são as suas ambições e os seus projectos e penso que nisso somos a grande diferença na ilha do Faial. Não posso classificar o PSD como o grande adversário do PS porque, até agora ainda não apresentaram candidato, ou seja, não conseguiram apresentar solução para este desafio.

T.I. – No Congresso Regional do PSD a líder Berta Cabral assumiu como desafio a Câmara da Horta… Espera um combate político duro?
J.C. – Espero um combate duro, credibilizador, construtivo e que traga novas ideias e propostas para o Faial. Que seja um combate que coloque ao Faial um desafio de construção de um futuro melhor. Acho que todos os partidos e pessoas têm a obrigação de promover uma discussão política onde possam manifestar-se com liberdade e rigor e de forma realista.

T.I. – Depois do cenário que se adivinhou aquando das eleições legislativas, o PS do Faial está de boa saúde? Sente-se apoiado pelo partido?
J.C. – Sinto-me bastante apoiado pelo partido. Pela antecedência do convite e pela forma como tudo foi feito, sinto-me claramente muito apoiado. Sinto-me honrado porque sei que existem alternativas dentro partido, e por terem renovado o convite sobre mim. Estão reunidos os ingredientes para se construir um projecto, se apresentarem as pessoas que o vão protagonizar.

T.I. – Face ao que tem vindo a acontecer, não tem receio que a abstenção seja o maior inimigo destas autárquicas?
J.C. – A abstenção é um dos maiores inimigos da actividade política.

T.I. – Porquê? As pessoas deixaram de acreditar?
J.C. – Penso que sim. Quer os políticos têm dado “paus para as colheres”, quer a comunicação social tem posto os políticos todos no mesmo saco e isso não é credibilizante para a forma como as pessoas recebem informação e olham para a política. Temos que começar a distinguir o trigo do joio e a distinguir os bons políticos dos maus políticos de forma objectiva e não tenho duvida nenhuma em dizer que no Faial temos bons políticos e temos essencialmente boas pessoas que dão muita generosidade à política.

T.I. – Concorda quando se diz que as pessoas votam pela pessoa e não pelo partido?
J.C. – Não tenho duvidas nenhumas de que a percentagem de eleitores que vota na pessoa, no caso das autárquicas, é claramente superior à dos que votam nos partidos quando comparados os valores de outros actos eleitorais, como sejam as legislativas ou as europeias. Estou convencido de que isto acontece porque há uma relação mais próxima quer com o candidato em si, quer com os projectos que estas eleições preconizam.

T.I. – Agrada-lhe a forma de fazer política no Faial?
J.C. – No Faial existem bons políticos. Não gostaria, nesta entrevista, de tecer considerações sobre coisas que acho que estão menos bem, mas acho que o Faial precisa de dar o salto e sentir que o Faial é Açores, que o Faial é Portugal. As pessoas tem que, primeiro, sentir pretensa, para sentirem que fazem parte da solução e sentirem que ninguém vem cá resolver os nossos problemas, temos sim que ser nós a resolve-los. O Faial não é nosso, o Faial é de Portugal. Estamos cá de passagem, quer pela ordem biológica das coisas, quer na gestão dos interesses e das relações. Penso que quando existem políticos que desenvolvem a sua acção sem respeitar estes princípios, poderão estar a indiciar uma má política. Defendo, acima de tudo, que somos a solução, mas confio nas pessoas para fazerem esse julgamento e colocarem sobre quem faz política essa responsabilidade.

T.I. – Está optimista? É o candidato imbatível?
J.C. – Não há candidatos imbatíveis, mas estou muito optimista. Tenho um projecto. A forma como tenho sido abordado pelas pessoas tem sido muito positiva e construtiva. Não recebo mensagens de que tudo está bem, muito pelo contrário, são me apresentados problemas, há muita coisa para resolver, mas estamos a dar passos seguros e certos. Não estamos a embarcar em aventuras nem eleitoralismos fáceis, muito pelo contrário, e friso, estamos a dar passos consistentes para que as pessoas percebam que estamos disponiveis para participar.

1 comentários:

Tiago R. disse...

Talvez tivesse valido a pena perguntar a João Castro porque é o projecto que considera mais importante é, afinal, da responsabilidade do vereador do outro partido da maioria plural.