III Encontro Fadista 2009

quinta-feira, 26 de março de 2009

Não é nada que represente melhor Portugal do que o Fado. Geralmente é cantado por uma só pessoa e acompanhado por guitarra clássica e guitarra portuguesa. Embalado nas correntes do romantismo, uma melopeia que tanto exprime a tristeza unânime de um povo como abre faróis de esperança sobre o quotidiano das gentes. Os artistas que cantam o fado trajam de negro. É no silêncio da noite, com o mistério que a envolve, que se deve ouvir, com uma "alma que sabe escutar", esta canção, que nos fala de sentimentos profundos da alma portuguesa. É este o fado que faz chorar as guitarras... O fadista canta o sofrimento, a saudade de tempos passados, a saudade de um amor perdido, a tragédia, a desgraça, a sina e o destino, a dor, amor e ciúme, a noite, as sombras, os amores, a cidade, as misérias da vida, critica a sociedade...

O Barão Palace acolheu no passado sábado o III Encontro de Fadistas 2009, organizado pelo grupo Ecos do Fado e que contou com a participação de fadistas das ilhas do Faial, Pico, São Jorge e Flores.
Foram cerca de 200 as pessoas, de todas as idades, que foram ouvir e, sobretudo, sentir, o fado.
O Grupo Ecos do Fado surgiu no panorama musical faialense em 2002, e é constituído por cinco elementos: Marco Quaresma, José Gaspar e José Alvernaz na Guitarra Portuguesa; Isaac Silveira e José Raposo na Viola.
O Ecos do Fado, por ter na sua composição somente instrumentos, pode acompanhar fadistas de qualquer ilha.
“Um grupo de amigos que gostavam de fado sentiram a necessidade de criar um grupo para se fazer mais ou menos o que estamos a fazer hoje, ou talvez nem tanto, fazer uns serões nos restaurantes locais e criar aquele ambiente que é próprio do fado. Começamos a fazer ensaios com regularidade e agora reunimos semanalmente à quinta-feira na junta de freguesia da Conceição” – sublinha Isaac Silveira, com quem Tribuna das Ilhas conversou depois do Encontro Fadista.
Ao contrário do que se pensa, o Ecos do Fado tem elementos de várias idades, e isso acontece por dois motivos: “temos algo comum entre nós… o gosto pelo fado, e em segundo lugar, ter elementos mais novos no grupo é uma forma de não deixar morrer esta tradição tão nossa que é o fado. Somos todos amadores, somente o Marco Quaresma frequentou o Conservatório, os restantes são músicos de ouvido”.
Os fadistas que participaram neste encontro foram: Tânia Gonçalves, José Francisco, Victor Mourinho, Hélia Alvernaz do Faial. Armanda Banha, Armando Meireles e Raquel Machado, das Flores. Humberta Pinheiro do Pico e Lina Ávila de São Jorge.
Esta variedade de vozes e estilos, veio mostrar que o fado é de todos e para todos. “O Victor Mourinho e a Tânia Gonçalves são dois jovens talentos que cantam o fado e isso demonstra bem que é um estilo para todas as idades, aliás, há cada vez mais jovens a cantar fado no nosso país” – constata Isaac Silveira.
Para Isaac Silveira, “o fado é algo que me dá imenso prazer… não sei explicar muito bem o que é, mas toda a sua envolvência, tudo o que se diz, o que se canta, o que se ouve, o ambiente que se cria à volta, o despertar de sentimentos que vem ao de cima quando se está a ouvir o fado, é algo que me causa uma sensação única que não consigo atingir com nada mais”.
Sobre a forma como os faialenses recebem o fado, Isaac Silveira refere à nossa reportagem que, “ano após ano as pessoas estão mais despertas e penso que isso tem acontecido por força de tudo o que tem sido feito, não só por nós, e isso está bem patente quando olhamos e vemos que este foi já o III Encontro de Fadistas”.
O feedback que estes artistas têm recebido justifica, segundo Isaac Silveira, a realização de um quarto encontro.
No próximo dia 25 de Abril o Ecos do Fado vai deslocar-se à ilha das Flores para participar num encontro do género.

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