Direcção Regional das Comunidades comemora 10 anos

sexta-feira, 30 de maio de 2008


Sob a alçada de Alzira Silva, jornalista de profissão, a Direcção Regional das Comunidades surgiu e, uma década depois, está de boa saúde.
Tribuna das Ilhas conversou com esta responsável política sobre objectivos, planos, dificuldades…


Tribuna das Ilhas - 10 anos é uma data digna de ser assinalada... Que balanço se faz a este período de funcionamento?
Alzira Silva - Após 10 anos de serviço às nossas Comunidades Açorianas, como direcção regional, e mais recentemente aos imigrantes residentes na Região este é, sem dúvida, um momento de reflexão. Esta reflexão assenta nas nossas opções de aproximação ao nosso público-alvo. Uma aproximação que tem vindo a estreitar-se ao longo dos anos e que continuaremos a estimular através de diferentes acções e eventos, seguindo uma coerência assente numa busca constante de aperfeiçoamento.
Ao longo desta década temos sempre auscultado os destinatários do nosso trabalho, indo ao encontro das necessidades e expectativas dos nossos emigrantes, imigrantes e emigrantes regressados.
A evolução dos Açores também ocorreu nas nossas Comunidades e acompanhamos esta evolução, incentivando os nossos emigrantes a terem uma maior participação nas sociedades de acolhimento, bem como a criarem espaços onde a preservação da nossa cultura seja enriquecedora para estas sociedades.
De igual modo, o mais recente fenómeno da Imigração, que a partir de 2004 passou a ser competência desta Direcção Regional, abriu mais uma porta a uma maior compreensão dos fenómenos migratórios, possibilitando novos projectos direccionados para esta realidade.
Temos fomentado o diálogo e criado mecanismos e estratégias de trabalho personalizado. Como exemplo: os nossos serviço de atendimento público adoptaram um horário mais flexível e adaptado às necessidades e começaram a ir ao encontro do utente, regularmente e em todas as ilhas.
Também democratizamos as nossas regras de apoio, tornando-as transparentes e eficazes, permitindo um maior numero de actividades a serem desenvolvidas quer nas Comunidades quer na Região.
Em 10 anos de actividade muito se fez, mas também temos a noção que muito nos falta fazer! E é nesta linha de pensamento que iremos sempre trabalhar e orientar os nossos objectivos no apoio e na promoção das diferentes culturas de quem vive no mundo das Migrações.


T.I. - O que levou à criação deste departamento governamental?
A.S. - A Direcção Regional das Comunidades foi criada a 13 de Maio de 1998, através do Decreto Regulamentar Regional nº 14/98/A, de 13 de Maio, sendo um departamento dependente directamente da Presidencia do Governo Regional dos Açores. Anteriormente existia um Gabinete de Emigração e Apoio às Comunidades Açorianas.
A decisão de se criar uma estrutura maior e com mais competências foi do Senhor Presidente do Governo Regional, que se preocupou em definir políticas programáticas que permitissem o aprofundamento entre as comunidades e a sua terra natal. Neste sentido, coube à Direcção Regional das Comunidades o estudo, a coordenação, o apoio técnico, e a execução de acções que contribuíssem para uma melhor integração ou reintegração e promovessem a preservação da Identidade cultural.
Em 2004, aditou-se a competência da Imigração à já existente da Emigração.
Actualmente, promover a integração, alargar a tolerância, estimular a criação artística, transversalizar a cidadania dos emigrantes e dos imigrantes e enriquecer o nosso património cultural são alguns dos objectivos desta Direcção Regional, traduzindo em prática as acções baseadas na dupla vertente de trabalho, nomeadamente Integração e Preservação da Identidade Cultural.

T.I. - Alzira Silva é a cara da DRC... Como é liderar este departamento?
A.S. - É um estímulo diário e um exercício constante de nos superarmos em cada iniciativa. Sou uma líder feliz e devo isso a três factores: a comunicação extraordinária com o meu superior hierárquico – o Senhor Presidente, com quem aprendi muito ao longo destes anos; a equipa – quase toda ela excelente; os destinatários do nosso trabalho – que nos dão tanta energia positiva! Acreditamos no que fazemos e trabalhamos com gosto, encontrando soluções criativas para dificuldades, com o contributo de todos os que pensam no bem comum e não no seu próprio interesse.


T.I. - O que mudou em dez anos na Imigração/Emigração?
A.S. - Não querendo entrar no conceito de Globalização, o certo é que a Globalização vivida nesta ultima década tem permitido uma grande aproximação de povos e culturas. Os meios de comunicação cada vez mais velozes e eficazes e a crescente procura de uma identidade pessoal permitiram que questões até então adormecidas fossem palco do diálogo público e político.
O mundo percebeu a importância das migrações, na sua tripla vertente de emigração, imigração e migrações internas, em todos os segmentos das sociedades. As migrações são responsáveis por muitas modificações políticas, sociais, culturais, económicas, demográficas e até geográficas.
A mobilidade humana (migrações) é um fenómeno que nasceu com o aparecimento do Homem. A busca do desconhecido ou de mais favoráveis condições de vida impulsionou milhões e milhões de pessoas a deslocarem-se no Mundo. Estas movimentações ao longo destes anos obrigaram a uma reconfiguração do discurso público e político, criando formas de enquadramento deste fenómeno na esfera social.
A nossa Região passou de uma região emigratória para imigratória. O certo é que não podemos circunscrever este fenómeno a uma simples regra aritmética. Estes fenómenos assumem um papel considerável a médio e longo prazo e é neste sentido que vamos trabalhando, nunca, claro, esquecendo o presente.
Actualmente os nossos migrantes partem e chegam já bem informados. A informação é uma peça fundamental no processo de integração de uma nova sociedade. Esta é, sem dúvida, uma grande mudança nas migrações. E a DRC acompanha esta mudança, através de recursos humanos formados e informados para prestarem apoio.


T.I. - Quais são os principais projectos da DRC?
A.S. - Sendo este ano o Ano Europeu do Diálogo Intercultural queremos convergir todas as Comunidades, emigradas e imigradas, com os açorianos, dar a conhecer ao povo açoriano as potencialidades das nossas gentes, que, longe e diariamente, veiculam a sua açorianidade.
De igual modo, queremos que os nossos emigrantes se sintam orgulhosos da nossa Região. Uma Região aberta, moderna, que preserva a sua genuinidade cultural, preparada para os receber e acolher.
Com estes objectivos, elaborámos projectos destinados à reflexão dos jovens, à homenagem aos mais idosos, ao diálogo intercultural, ao estímulo à criação artística. Mas o maior projecto deste ano, pelo impacto que terá em todo o mundo ligado ao conhecimento, é a divulgação dos estudos ligados à açorianidade e às migrações.

T.I. - Livros, revistas, concursos, formação, palestras, convívios... tudo isto faz parte do plano de actividades da DRC. Como tem sido a receptividade das pessoas a estas iniciativas?
A.S. - As actividades que a Direcção Regional das Comunidades realiza visam atingir o maior número de pessoas possível, tentando dinamiza-las e incentivando na participação.
Estamos na era da informação. É necessário, e cada vez mais, dotarmo-nos de instrumentos que promovam o conhecimento da realidade dos Açores e das Comunidades Emigradas e Imigradas. É através destas actividades que divulgamos o trabalho nas mais diversas áreas (social, académico, artístico, cultural, entre outras), na Emigração e Imigração. A receptividade tem sido óptima, o que nos motiva cada vez mais. Informar, desenvolver, dinamizar, promover o ser humano migrante é o nosso lema.









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