Prémio de Jornalismo D. Djuta Ben David - Jornalismo pela Integração dos Imigrantes

sexta-feira, 7 de março de 2008


“A reconstrução de imagens sobre um dado fenómeno depende, em grande medida, do papel dos órgãos de comunicação social, facto que não podemos ficar, de modo algum, indiferentes”.


Foi apresentado na manhã de segunda-feira, a quarta edição do Prémio de Jornalismo D. Djuta Ben David – Jornalismo pela Integração dos Imigrantes.
Organizado pela Associação dos Imigrantes dos Açores (AIPA), em parceria com a Direcção Regional das Comunidades (DRC), conta o Apoio da Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas e enquadra-se no Ano Europeu do Diálogo Intercultural.
O vencedor do Prémio de Jornalismo D. Djuta Ben David – Jornalismo pela Integração dos Imigrantes terá direito, este ano, a um diploma e a uma viagem ao Brasil, com estadia durante sete dias.
Alzira Silva, Directora Regional das Comunidades, frisou durante esta apresentação que é importante ter em mente que “nos Açores a população imigrada corresponde a 5 a 6 por cento da população activa, o que é muito significativo.”
Com vista a facilitar a integração desses cidadãos, o Governo está a realizar um inquérito junto dos imigrantes com vista a apurar as suas áreas laborais e se pretendem ver a sua situação evoluir para outras áreas. Segundo explicou, os resultados deste inquérito vão permitir ajustar as políticas do Governo dos Açores, numa acção integrada entre diversos departamentos, no sentido de uma evolução positiva constante.
Paulo Mendes, da AIPA, sublinhou também que “actualmente 2 em cada 10 pessoas vivem longe das suas terras e, no caso dos Açores, os imigrantes contribuem para a construção de uma Região mais desenvolvida e este tipo de iniciativas ajuda a que os imigrantes se sintam em casa e a que mudem algumas opiniões menos positivas em relação a este movimento. É preciso não esquecer que, mais do que português de nascença, existem muitos portugueses de coração”.
Luís Pascoal, do ACIDI, deixou apenas uma palavra de apelo e incentivo à participação dos jornalistas neste concurso.
Nos termos do regulamento, os trabalhos a concurso devem “promover a integração das comunidades imigrantes na sociedade açoriana e favorecer a sã convivência entre povos e culturas, minando caminhos para a emergência de sentimentos e comportamentos racistas e xenófobos”.
Os trabalhos serão apreciados por um júri de cinco elementos com base nos propósitos “da promoção da tolerância, do combate ao racismo e à discriminação e da contribuição das diferenças culturais, religiosas e étnicas para uma sã convivência de povos e culturas”, sendo o vencedor determinado pela “excelência jornalística”.
A data limite para a apresentação de candidaturas ao Prémio de Jornalismo D. Djuta Ben David – Jornalismo pela Integração dos Imigrantes é dia 7 de Julho de 2008.
De acordo com as declarações da Directora Regional das Comunidades, “nas dinâmicas migratórias as sociedades de acolhimento tendem a desenvolver um conjunto de imagens e pré-noções sobre os imigrantes que, por serem na maioria das vezes negativas, dificultam o processo de integração com consequências nefastas para todos os actores envolvidos. Actualmente, a construção desta imagem é fortemente determinada pela comunicação social, sendo que a implementação de qualquer política de integração deverá ser alicerçada, igualmente, numa imagem positiva das comunidades migrantes junto da sociedade de acolhimento.

Dona Djuta Ben-David
Justina Silva (aliás, Djuta em nome-de-casa) nasceu no Mindelo, Ilha de S. Vicente, Cabo Verde, numa família em que a música era tão natural como a respiração: pai e irmãos mais velhos tocavam e construíam os seus próprios instrumentos. Aos 10 anos ela própria começa a tocar e a cantar, e aos 20 anos o irmão Adolfo chama-a para Lisboa, onde se torna cantora profissional. Ela e Adolfo formam o duo “Irmãos Silva”, que actua em Portugal durante seis anos, cantando a música cabo-verdiana, ainda pouco conhecida e apreciada na época, e também música brasileira.
Casa depois com o jogador de futebol Henrique Ben-David, também de S. Vicente, e, quando ele se retira da actividade em virtude de uma lesão grave, os dois vêm viver para S. Miguel por meados da década de cinquenta do século passado, onde, entretanto, o marido viera treinar o Clube Santa Clara.
Sendo dos primeiros (talvez os primeiros) cabo-verdianos a chegar aos Açores, Djuta Ben-David não esconde as dificuldades que sentiram em adaptar-se à nova realidade de S. Miguel, com hábitos e costumes diferentes dos seus, uma sociedade mais fechada e menos alegre até do que a sociedade do seu Mindelo de origem. Mas Djuta Ben-David gosta também de referir o modo como acabou por se integrar neste novo espaço insular, de que fez a sua segunda ilha e a ilha da sua família. Por ser um símbolo das comunidades migrantes no arquipélago, não só como se integrou na sociedade açoriana, mas também pelo respeito e carinho que merece de todos nós, a Associação dos Imigrantes nos Açores decidiu instituir o prémio D. Djuta Ben David, tudo na convicção de que estaremos a construir uma sociedade mais harmoniosa, onde as diferenças não sejam motivo de discriminação, mas sim de respeito e tolerância, em nome da integração.

Edições anteriores
A primeira edição deste prémio de jornalismo foi ganha por Ana Paula Fonseca, com o trabalho “Em busca do sonho açoriano”, publicado no jornal Açoriano Oriental.
Saes Furtado, jornalistas a RDP, foi o vencedor da 2ª edição, com a reportagem “ Os Novos Açorianos”, premiado com uma viagem à Ucrânia.
Saes Furtado concorreu à terceira edição deste prémio com a reportagem “Uniões sem Fronteiras”, emitida na antena da rádio pública. Durante cerca de trinta minutos, o jornalista contou as histórias e reproduziu os testemunhos de sete casais compostos por açoriano (a)s e imigrantes. Foi premiado com uma viagem a Cabo Verde.

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