Casa de Infância de Santo António - Uma casa de todos e para todos

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Internato, creche, Jardim-de-infância, ensino básico, são as valências da Casa de Infância que tem como patrono Santo António. “Banco de talentos”, “Madrinha/Padrinho do coração”, e muitos mais são os projectos duma instituição centenária na nossa terra.

A Casa de Infância de Santo António lançou, recentemente, um projecto de voluntariado, intitulado de “Banco de Talentos”.
Este projecto, de acordo com Catarina Soares, presidente em exercício da Casa de Infância de Santo António, “pretende organizar as disponibilidades dos encarregados de educação e agregados familiares dos utentes da instituição, numa perspectiva de ser alargado a toda a comunidade.”
Em conversa com o Tribuna das Ilhas, a Direcção da Casa de Infância de Santo António, representada por Catarina Soares, Maria Elvira Naia e Carlos Serpa, disse-nos que “pretende-se que cada cidadão possa dizer à Casa de Infância que disponibilidade é que tem de oferecer um talento/competência e em que altura é que pode disponibilizar esse mesmo talento.”
Depois de recebidas as inscrições será feita uma compilação das mesmas para que quando houver necessidade delas sejam contactadas as pessoas.
De acordo com a Direcção, este projecto surge porque “sendo a Casa de Infância uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), depende para o seu funcionamento de acordos de cooperação que tem celebrados com o Instituto de Acção Social para as diversas valências e, infelizmente as verbas disponibilizadas não são suficientes para dinamizar todas as actividades que pretendemos.”
Aquela responsável prossegue dizendo “muitas vezes os pais dirigiam-se a nós a oferecer ajuda, e o que fizemos no fundo foi organizar essa disponibilidade”.
Este projecto foi dado a conhecer à comunidade no dia 11 de Outubro, e até à data já existiam 2 inscrições efectivadas e muitos pedidos de esclarecimento/informação.
Este é um voluntariado aberto à comunidade que engloba ainda uma “assessoria técnica aos órgãos de gestão da casa em áreas específicas”, complementa Maria Elvira Naia, que prossegue explicando que “já houve assessorias técnicas nas áreas jurídica, arquitectura e engenharia. Ora isso é benéfico porque os membros da direcção não tem formação em todas as áreas, nem a CISA tem disponibilidade financeira para poder contratar técnicos nessas áreas.”
A política seguida pela direcção da Casa de Infância de Santo António, bem como o seu projecto educativo, foram elaborados a pensar numa interacção com a comunidade.

Balanço ao mandato
A actual direcção termina o seu mandado agora no mês de Dezembro. Instados a pronunciar-se sobre estes três anos de actividade, os elementos da direcção fazem “um balanço muito positivo daquilo que se passou. Começámos com cinco elementos, infelizmente o presidente da direcção teve que sair por razões pessoais e de saúde. O secretário da direcção também teve que abandonar o cargo, volvidos que eram poucos meses de actividade” – explicam, e prosseguem dizendo “as coisas não acontecem num mês, tudo começou em Janeiro de 2005. Estas instituições, com a dinâmica e estrutura que temos faz falta que seja contemplado no quadro de pessoal que é acordado com o Instituto de Acção Social, a existência de um técnico coordenador, pois as direcções são constituídas por pessoas que têm os seus trabalhos, pelo que, o voluntariado começa aqui.”
A Direcção disse ainda que “no final de quase 3 anos de mandato a instituição está mais responsável em todas as suas valências”.
Carlos Serpa acrescentou que “ Sentia particular gosto em verificar o actual empenho dos funcionários no trabalho desenvolvido para a Instituição”
Questionados sobre uma possível recandidatura, os elementos da direcção são unânimes em afirmar que isso não deverá acontecer pois, “sendo este um trabalho de voluntariado, só possível com o apoio das entidades patronais de cada um, está na hora de virem outras pessoas continuar o trabalho iniciado. É também a forma de haver uma lufada de ar fresco. Mas não temos dúvidas de que os projectos vão continuar, até porque a Casa precisa deles para andar.”

Internato não vai terminar
Este mandato ficou marcado por várias adversidades que, com a colaboração do pessoal não docente, ficaram resolvidas, como é o exemplo da extinção da vaga de motorista e da saída da Congregação Religiosa que dava apoio à instituição na valência do lar. O pessoal civil assegurava o funcionamento diurno do internato e era a congregação que assegurava o funcionamento nocturno em regime de voluntariado. “Face a tudo isto tivemos que proceder a uma reestruturação do pessoal e, neste momento, temos ajudantes de lar a assegurar o funcionamento do internato durante 365 dias por ano, 24horas por dia” – explicam aqueles responsáveis, frisando ainda à nossa reportagem que “esta mudança tão grande só foi possível com a adaptação e sentido de responsabilidade das nossas funcionárias. Os elementos da direcção também estão a ajudar nesse sentido.”
Encerrar o Lar, como já aconteceu por exemplo com a Casa dos Gaiatos, nunca esteve em causa, como afirma a Direcção da Casa de Infância de Santo António, “o internato corresponde a uma necessidade da comunidade, pretendemos sim, reformular o conceito do actual sistema de internato. Desde Abril que temos mantido conversas com o Instituto de Acção Social no sentido reestruturar o internado. As instituições sem fins lucrativos têm que corresponder às necessidades da comunidade e nesta perspectiva do internato, às necessidades da região e até mesmo do país. Nós tínhamos um regulamento que correspondia a essas necessidades, designadamente no tipo de jovens que podiam entrar para a instituição, entretanto foram-se verificando outras lacunas, como seja a necessidade de acolher crianças com idades inferiores a 3 anos. Nós já fizemos esse acolhimento e por termos disponível uma casa que não está a ser ocupada com a capacidade máxima de dez crianças, vamos preparar-nos para acolher crianças de ambos os sexos até uma determinada idade”.
Com a saída da Congregação equaciona-se um projecto visando a autonomia das jovens, isto é, “atendendo a que algumas já atingiram a maioridade e outras estão quase, e tendo em conta que o seu projecto de vida é a autonomização, a ideia é haver um regulamento que permita uma fase de transição, durante a qual lhe serão atribuídas maiores responsabilidades para que quando saírem efectivamente da instituição estejam melhor preparadas para receber o mundo lá fora” – frisa Catarina Soares.

Verbas
Outra situação que foi focada na nossa entrevista prendeu-se com o rigor orçamental que, no entender da Direcção continuou o trabalho que tinha sido iniciado no final do mandato da anterior direcção, mas de uma forma mais premente e transparente, “que permite que se tenha regularizado a questão do pagamento das obras e por outro lado permite também que se possa avançar com a obra de recuperação do ginásio.”
A Casa de Infância de Santo António subsiste, como já referimos, com os apoios do Instituto de Acção Social. Para além disso tem sócios que ajudam com as suas quotas. No entanto, a Direcção apela a todos quantos queiram dar donativos, pois os mesmos são acompanhados de recibo para deduzir nos impostos. A tradicional festa de Santo António é outra das formas de angariar verbas, “os acordos de cooperação não contemplam algumas despesas que a Casa tem para funcionamento e são esses donativos e contribuições que se faz face a essas despesas que não são sequer elegíveis”.
Outro dos projectos que esta Casa tem está relacionado com o Banco Comercial dos Açores. Este projecto permite, com a abertura de contas bancárias para crianças, que o BCA se comprometa a adquirir material didáctico para a instituição no mesmo valor que foi utilizado na abertura da mesma.

Projecto educativo 2006/2009
O projecto educativo da Instituição denomina-se “Ser cidadão”.

De acordo com aquele documento, “as necessidades de articular princípios e conceitos, planificar acções e concretizar planos implica que se identifiquem os problemas e se definam objectivos e metas a atingir”.
Os objectivos deste projecto englobam várias áreas, e visam: consciencializar a Comunidade Educativa para a conservação e preservação do meio ambiente e recursos naturais com vista a formar cidadãos ecológicos. Com o intuito final de formar cidadãos democráticos e diminuir a conflituosidade entre alunos procurou-se estabelecer regras para uma melhor conduta social, isto também por forma a levar as crianças a saber distinguir o bom e o mau uso da liberdade, sempre tendo em conta relações de respeito, partilha, cooperação e civismo.
No âmbito da participação política e com a meta de formar cidadãos conscientes e responsáveis, este projecto educativo tem em linha de conta o estímulo na criança do respeito, amizade e solidariedade pelo outro. Conhecer as regras de intervenção durante um plenário, bem como, promover valores, atitudes e práticas que contribuam para a formação de cidadãos conscientes e participativos na vida social, são outros dos objectivos. Dentro da mesma linha vão ser adoptadas estratégias no sentido de alertar as crianças para os perigos que a circulação rodoviária apresenta; incutir comportamentos defensivos enquanto peão; conhecer as regras de segurança dos passageiros e sensibilizar para as precauções especiais relacionadas com o transporte de crianças.
Por fim, o projecto educativo dá enfoque ao conhecimento sobre a forma de actuar perante uma catástrofe natural dentro da instituição e para isso vão dar a conhecer as regras de segurança do Plano de Emergência bem como do plano de evacuação da instituição.
Para que tudo isto se torne exequível foram delineadas linhas gerais de acção, que tem como estratégia a identificação e integração dos problemas, interesses e saberes da comunidade educativa no processo de desenvolvimento e gestão curricular; propostas de animação e intercâmbio local; animação pedagógica e educativa dos espaços envolventes; sensibilização para os problemas locais; abordagem de problemas actuais dos alunos e promoção de sessões de informação/formação para o desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional.

Creche - dos 3 meses aos 2 anos – 40 utentes
Jardim-de-infância - dos 3 aos 5 anos – 75 utentes
Escola Básica de 1.º ciclo – 6 aos 9 anos – 48 utentes
Lar Feminino – 1 aos 18 anos – 7 utentes
Associados pagantes – 299

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